Desvendando a cidade amazônica de Ratanabá

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Em terra de redes sociais, fake news é mato. Nos últimos dias explodiu pela internet a historinha de uma suposta cidade perdida na Amazônia chamada Ratanabá. Ela estaria escondida, soterrada, mas facilmente perceptível entre as copas das árvores na região do Mato Grosso. Toda essa descoberta estaria sendo revelada aos poucos por meio de alguns “pesquisadores” de um grupo controverso. Aí que está o pulo do gato. Qualquer pessoa que fosse vasculhar mais de perto essa historinha fazendo uma rápida pesquisa na internet, detectaria que não passa de mais uma descabida teoria da conspiração.

Segundo os “pesquisadores” a cidade perdida de Ratanabá seria a primeira capital do mundo, onde a humanidade começou e que teria MILHÕES de anos. Como se isso não bastasse, eles afirmam que a cidade foi fundada pelos Murils, extraterrestres que ajudaram a civilização a se desenvolver tecnologicamente. Quase como uma nova lenda de El Dorado, o local seria conhecido por poucos. Lá haveria relíquias, vestígios, habitações, tesouros e uma rica cultura de antepassados futuristas…

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Bom demais para ser verdade. Quem está por trás de todas essas revelações é a Dakila pesquisas. Um ecossistema que gira em torno de um líder autointitulado cientista. No entanto, dentre os objetivos de “pesquisa” do líder do grupo estão coisas relacionadas a provar para humanidade que alienígenas entram em contato com humanos, e que o formato da Terra seria convexo. Em outras palavras, o líder e seus seguidores acreditam que a Terra é plana… Além disso, durante a pandemia o grupo também promoveu discursos antivacinas. A nata da conspiração e pseudociência brasileira.

Para além da reputação dessas pesquisas descabidas, o líder do movimento foi o que inventou a historinha do ET Bilú. Os programas sensacionalistas deram corda para ele em meados de 2010 na tentativa de angariar audiência ao custo da ignorância da população brasileira, ao mesmo passo que o criador se beneficiava dos “crentes em ETs”. Tudo isso é um suco de bobagem, pseudociência e teoria conspiratória. A Dakila tenta dar um ar científico para suas supostas pesquisas, mas não passam de curiosos e bons contadores de fábulas.

O inusitado é que essa conversa de Ratanabá não é nova, mas veio à tona logo quando sumiram pessoas que defendem a proteção dos territórios e dos povos amazônicos. Se é uma cortina de fumaça, é difícil saber, mas isso nos faz refletir sobre o momento de crise intelectual atual, onde cientistas são desacreditados, ambientalistas são difamados, garimpeiros e grileiros são incentivados, o que possui relação com os discursos e práticas infelizes do governo federal. A crise do intelecto chega a ser tão evidente que o ex-secretário da cultura Mário Frias recebeu o terraplanista criador da historinha de Ratanabá para uma “conversa séria”, e ainda divulgou nas suas redes sociais.

Como sabemos que não é verdade?

Não é uma historinha nova. Sabemos que a ideia de cidades perdidas que guardam tesouros pela Amazônia é um assunto que vem desde o tempo da colonização. Os europeus acreditavam na lenda da cidade que continha muito ouro, a chamada Eldorado. Em tempos mais recentes, outras histórias de cidades perdidas como Z e Akakor despertaram a curiosidade de exploradores que caíam no papo furado de guias que lucravam em cima de teorias mirabolantes. Inclusive ocorreram algumas mortes de exploradores no passado, o que inflama ainda mais alguns adeptos da conspiração.

Sabemos que a espécie humana (Homo sapiens) se originou na África há mais ou menos 300 mil anos. Então não é possível a existência de humanos antes disso, muito menos na América.

  • Há 450 milhões de anos (período que eles dizem ter a cidade) não está nem errado, simplesmente não faz sentido! Há 450 milhões de anos os continentes eram todos unidos, não existia nem a Amazônia ainda, nem os mamíferos haviam surgido! Então essa alegação simplesmente foi um número tirado da imaginação.
  • Acreditar em extraterrestres não é um problema, mas acreditar que alienígenas ajudaram a fundar uma cidade na Amazônia com a tecnologia futurista em um tempo que nem existiam humanos, parece um tanto problemático para a historinha.
  • As teorias conspiratórias podem utilizar um fundo de verdade para fingir que é algo científico ou que tenha credibilidade. Há vários registros de assentamentos na Amazônia, muito antes da colonização, mas é muito mais recente como os encontrados na Bolívia da cultura Casarabe (de 500 à 1.400 d.C).
  • Nunca tem universidades ou cientistas sérios envolvidos, essas pesquisas alternativas são sempre independentes. Eles geralmente são os únicos alecrins dourados que fizeram a “grande descoberta”.

Ratanabá é só mais uma fábula que mostra a crise intelectual no Brasil, com uma população que é carente de ciência. Felizmente a historinha parece ter viralizado nas redes socais mais pela “piada”, do que pela crença de que seja real.

Veja também o post e o vídeo que fizemos sobre essa teoria da conspiração barata.

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