Foto: Acervo IBGE
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IBGE treina indígenas para trabalhar no Censo em aldeias no Pará

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No último dia, 18, o Institudo Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) iniciou o Treinamento dos Recenseadores do Censo 2022, ao total são 180 mil pessoas em treinamento em todo país, dentro desse número, destaca-se o município de Jacareacanga, que vai ser o único do país a ter um tradutor indígena para dar suporte a nove candidatos da origem Munduruku.

Segundo Marta Antunes, coordenadora do Grupo de Trabalho de Povos e Comunidades Tradicionais (GT/PCT’s), é a primeira vez que o IBGE conta com intérprete indígena para treinamento de recenseadores. “É uma experiência que está sendo monitorada para avaliar sua efetividade junto aos candidatos e instrutores. No processo de chamada para o treinamento, verificamos que alguns dos candidatos indígenas de Jacareacanga não tinham o português como língua do cotidiano, embora manejassem o idioma em nível suficiente para sua aprovação. E foi para garantir a esses candidatos a compreensão plena dos conceitos e procedimentos censitários, que o IBGE contratou o intérprete”, explica.

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Quem teve a iniciativa em solicitar um tradutor indígena, foi a servidora Mara Magalhães, coordenadora da Área Jacareacanga. “Percebemos, já no início do treinamento, que, apesar do empenho, a dificuldade deles com a língua poderia ser uma barreira para o aprendizado, especialmente da parte conceitual. Acionamos o GT de PCT’s que, prontamente, viabilizou o tradutor”, relata. “Com o Gerson (tradutor) em sala de aula, a mudança foi visível: os candidatos ficaram mais participativos e pude notar que finalmente estavam compreendendo o conteúdo”, alegra-se Mara.

De acordo com Rosalete Munduruku, chefe de gabinete da Prefeitura de Jacareacanga, mais de metade da população munduruku se comunica exclusivamente em sua própria língua. “Pelas nossas estimativas, somos cerca de 12 mil pessoas, vivendo em mais de 150 aldeias, em Jacareacanga. Não temos dados tão exatos, mas acreditamos que só uns 30% dominam a língua portuguesa,são as pessoas que saem da aldeia para estudar, fazer faculdade, e, por isso, conseguem se comunicar bem. Já o restante, que fica nas aldeias, costuma falar só na nossa língua, contou.

O tradutor que vai dar suporte aos candidatos, é Gerson Ykopi, 37 anos, ele trabalha como agente indígena de saúde, em Jacareacanga, nascido na aldeia Katõ, na região do rio Kabitutu. Gerson, saiu da aldeia aos 7 anos para estudar, na cidade, conseguindo concluir o Ensino Médio. “Porém, a maior parte do nosso povo não teve tanto contato com a língua falada na cidade. A maioria só fala mesmo a nossa língua”, diz ele. “Estou muito feliz de ver hoje nossos parentes aqui aprendendo com a equipe do IBGE, vendo como é o sistema de vocês também. Isso é importante para o nosso povo e para o Brasil”, conclui.

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