O comportamento tóxico de alguns homens em relação às mulheres no Big Brother Brasil 24 (BBB 24) tem levantado uma discussão sobre o assunto na web. Atitudes, falas e olhares não estão passando despercebidos pelos internautas, que não poupam comentários sobre o quanto a situação é negativa.
Em entrevista ao portal Roma News, A psicóloga Jéssica Modinne Silva, mestra e doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que existe uma diversidade imensa de relacionamentos de violência contra mulheres tanto em nível pessoal, quanto institucional e o comportamento de Nizam e de outros brothers está “de acordo com os discursos de masculinidade padrão”.
“O que se pode afirmar é que, tanto ele [Nizam], quanto os outros participantes amigos, estão em pleno acordo com os discursos de masculinidade padrão, aquela que ilude homens de viverem os privilégios de poderem julgar e usar corpos e sentimentos de mulheres que neles confiam”, afirma.
“Lógico que, aqui, cogitamos hipóteses de um reality show com elenco previamente selecionado e que recebe uma quantia em bens materiais por estar participando do programa, mas qual retrato artístico não pode nos falar da nossa realidade ou da realidade de alguém, de algo?”, instiga Jéssica.
Como identificar comportamentos tóxicos ou abusivos
Segundo a psicóloga, não tem como identificar comportamentos toxicos de forma padronizada, mas é possível se proteger daquilo que causa desconforto.
“Não se pode analisar previamente, pois todos os seres humanos são dotados de muita diversidade, entretanto, também sim, pois temos um conjunto padronizado de socialização masculina que preconiza vários tipos de violência na sociedade – uma delas sendo a violência contra as mulheres”, afirma Jéssica.
De acordo com a especialista, é necessário estar atento às bandeiras vermelhas (red flags). “As chamadas ‘red flags’ são pontos de alerta onde devemos ficar alertas sobre o que nos causa desconforto no comportamento do outro e é sempre importante nos perguntarmos o motivo daquele desconforto, o que aquele desconforto faz acreditarmos sobre nós. Homens são, estatisticamente, as pessoas que mais agridem mulheres, mas isso se dá devido a uma estrutura patriarcal de socialização de masculinidade que busca criar agentes violentos contra mulheres. Nesse processo, homens também acabam sendo vítima, mas em outra dimensão, desta estrutura patriarcal”, finaliza a profissional.
