Lideranças indígenas da etnia Borari, em Santarém, região oeste do Pará, e integrantes do Conselho Administrativo da Área de Proteção Ambiental Alter do Chão estão elaborando um dossiê para denunciar ao Ministério Público Federal a venda da área territorial que abriga a Escola da Floresta, na comunidade do Caranazal. O local possui uma floresta secundária, com 33 hectares de extensão.
A escola foi construída na década de 1990, com recursos obtidos pelo Conselho Nacional dos Seringueiros junto ao governo da Finlândia, mas, em 2008, a gestão da unidade passou para a Prefeitura de Santarém. Desde então, atende estudantes das redes municipal, estadual, federal e privada com aulas de envolvendo educação ambiental, destinação adequada dos resíduos sólidos, conhecimento sobre rios e florestas e uso sustentável dos recursos naturais.
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Lotes já estão à venda
De acordo com a denúncia, o local onde funciona a escola foi adquirido para abrigar um condomínio de luxo, cujos lotes já estão, inclusive, sendo anunciados pela imobiliária que adquiriu o terreno, localizado às margens do Lago Verde.
Não é de hoje, aliás, que denúncias envolvendo especulação imobiliária em terrenos da região da APA Alter do Chão, muitos deles loteados sem as devidas licenças e autorizações, como a área conhecida como Capadócia, chama a atenção das autoridades. O próprio MPF já realizou notificações e intervenções em alguns desses loteamentos, pedindo explicações aos responsáveis, mas nada muda. Desta vez, porém, é o espaço da Escola da Floresta que está em jogo.
Intervenção do Estado
Outra possibilidade levantada pelos indígenas Borari é de que o governo do Estado intervenha para construir, no local, uma Escola Estadual de Ensino Médio exclusivamente para os indígenas, inclusive de outras etnias localizadas em cidades do Baixo Amazonas. Por isso o dossiê será encaminhado também à Secretaria de Educação, onde o pedido em anexo será direcionado ao governador Helder Barbalho.
Questão de tempo
Até lá, o projeto imobiliário segue em andamento, inclusive com as vendas a todo vapor. Ou seja, salvar a Escola da Floresta, mantendo nela as atividades já existentes ou dando novas funções é, antes de tudo, uma questão de tempo. E tempo é coisa que empresário não costuma perder nesse tipo de oportunidade.
Com informações da Coluna Olavo Dutra.