A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira, 8, a Operação Boi Dourado, para combater a extração ilegal de ouro e crimes ambientais conexos em uma fazenda em Curionópolis, no Pará, por onde passa a linha de transmissão Xingu-Rio, responsável por levar energia ao sudeste do país.
Policiais federais cumpriram um mandado de prisão preventiva e nove mandados de busca e apreensão em Curionópolis, Marabá, no Pará, e em Goiânia, Goiás. Também está em cumprimento a decisão judicial de sequestro de bens e valores em R$ 161 milhões e a inalienabilidade da fazenda, avaliada em R$ 200 milhões.
Até o momento, foram apreendidas duas espingardas, pequena quantidade de ouro e um aparelho celular.
O proprietário da fazenda, alvo de mandado de prisão nesta data, é um grande empresário pecuarista, que não tem permissão de lavra garimpeira ou concessão de lavra, emitida pela Agência Nacional de Mineração (AMN) e que também não dispõe das licenças ambientais.
De acordo com a apuração, movimentações financeiras do suspeito apontam a existência de intermediários na venda do ouro extraído ilegalmente. A investigação indica ainda que o empresário buscou apagar evidências de crimes ambientais e, portanto, sua liberdade coloca em risco a obtenção de provas e a persecução penal.
A investigação teve início a partir a partir de denúncia de moradores das proximidades da fazenda e informação da empresa Xingu-Rio, que durante a fiscalização das 4.448 torres de energia, percebeu que a extração de ouro se aproximava da linha de transmissão.
O dano ambiental causado devido à extração ilegal de minério é estimado em R$ 20 bilhões, valor mensurado a partir da vastidão da área de extração ilegal, desmatamento, escavações, gravíssima contaminação do sono, assoreamento e contaminação do rio próximo a propriedade com mercúrio e outras substâncias.
A perícia policial realizada durante a operação deve dar estimativa mais precisa sobre o dano ambiental, que inclui a poluição do rio Sereno, afluente do rio Tocantins responsável pelo abastecimento de várias cidades. O valor leva em consideração o gasto necessário para se recompor o meio ambiente.
Os envolvidos devem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de usurpação de bens da união, crimes ambientais e associação criminosa.