Divulgação/Chácara Pedacinho do Céu
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Saiba por que a água dos igarapés é gelada e como conservá-los

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Em diversas cidades do Pará, os igarapés são uma opção muito buscada pela população para se refrescar e aproveitar não apenas as férias de julho como os pequenos feriados ou finais de semana ao longo do ano. O que atrai as pessoas para os igarapés são a proximidade de cidades dos centros urbanos e também a água sempre bem gelada, mas vocês sabe como os igarapés se formam e por que a água é sempre geladinha? Professores da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) explicam os motivos.

No dicionário da língua indígena Tupi, igarapé é uma palavra formada pela junção de ygara (canoa) e apé (caminho). “Significa ‘caminho de canoa’. Como ela é uma palavra de origem tupi, vai estar presente em dezenas de línguas do tronco tupi, como Tembé, Guajajára, Suruí, Asuriní, entre outras”, explica o professor Regis José da Cunha Guedes, linguista e docente da Universidade Federal Rural da Amazônia no campus de Tomé-Açu.

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A bióloga Vania Neu, docente da Ufra campus Belém explica a água sempre geladinha e a formação dos igarapés. Ela relata que esses rios de menor porte se formam quando há um afloramento do lençol freático. Ela diz que quando chove a água infiltra no solo, recarrega o lençol freático e dá origem ao igarapé.

“Na Amazônia temos muitos rios, de vários portes. Uma das explicações para essa grande quantidade de rios é o relevo plano da bacia. Ao longo dos anos ocorreram mudanças na geologia da América do sul, o choque entre placas tectônicas fez com que se elevasse a Cordilheira dos Andes, mexendo com todo o relevo da América do Sul. A Amazônia é uma grande planície que facilita a origem a inúmeros canais, rios e igarapés. Essa é uma das teorias que explicam essa grande quantidade de rios”, diz.

Já a água sempre gelada, é porque as águas que formam o igarapé “brotam” da terra. Ela conta que”Essa água está protegida pelo solo, que por sua vez protege o lençol freático e dessa forma a água fica gelada. Ao brotar do solo, a água normalmente percorre longas distâncias protegida pela floresta. Ou seja, além de nascer do solo, que está coberto e agindo como isolante térmico, ainda tem a floresta que a protege”, diz. 

Porém, para continuar desfrutando dos benefícios que os igarapés trazem, é necessário mantê-los protegidos, principalmente a mata ciliar ou riparia, que é a mata que fica no entorno, nas margens, e que evitam a chegada de sedimentos, agrotóxicos e lixo ao rio, como explica Vania Neu.

“Para sua proteção é de extrema importância preservar a mata ciliar, ou seja, deixá-la intocada. Devido sua grande importância, o código florestal denominou essas áreas como de proteção permanente, que devem ser preservadas. Já a conservação da mata ciliar é seu uso sustentável. Para manter a saúde do rio é preciso preservar a mata ciliar e principalmente as nascentes, o que está muito claro na legislação”, diz. 

A preservação dos igarapés inclui a manutenção da floresta, sem interferência antrópica, sem lançamento de esgotos ou qualquer tipo de contaminante no rio, seja ele industrial, agrícola ou doméstico: “Caso a pessoa necessite ter acesso ao igarapé o ideal é fazer um caminho protegido para chegar até um ponto do rio”. Essas normas evitam a contaminação das águas e mantém a saúde dos igarapés.

Com informações da Universidade Federal Rural da Amazônia

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