Há pouco mais de seis meses, a Federação Paraense de Futebol (FPF) segue sem um presidente eleito de forma oficial por seus filiados. Desde janeiro deste ano, quando Adélcio Torres deixou o cargo, Graciete Maués, presidente da Tuna Luso, vem exercendo a função de forma interina no comando da FPF.
De início, a entrada de Graciete Maués, conforme prevê o estatuto da FPF, era para dar celeridade ao processo eleitoral e definir, o quanto antes, o novo presidente da entidade. Porém, com o passar dos meses, uma intensa briga judicial vem atrasando as eleições para escolher quem vai gerir o futebol paraense até o final de 2025.
Em meio a isso tudo, no início desta semana, o Pará – praticamente – perdeu a corrida para receber o duelo entre Brasil e Argentina, que acontece no dia 22 de setembro em partida atrasada das Eliminatórias da Copa. Nessa quarta-feira, 15, a Secretaria de Obras Públicas do Estado (Sedop) emitiu uma nota informando que a decisão da CBF em não vistoria o Mangueirão, marcada para a última terça-feira, foi motivada pela atual situação na Federação Paraense de Futebol.
Além disso, desde fevereiro deste ano o Ministério Público do Estado (MPPA) entrou no caso “Eleições FPF”. De início, o MPPA emitiu uma recomendação, ainda em fevereiro, solicitando que a eleição fosse realizada em 72 horas. Na época, a FPF não cumpriu a recomendação.
Já entre março e maio, o órgão conseguiu, via Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PA), que a Federação Paraense de Futebol fosse obrigada a escolher uma nova comissão eleitoral e a manter o edital de dezembro de 2021, período original das eleições, com 127 votantes. Porém, no novo edital publicado no início deste mês, foi mantido o colégio eleitoral com apenas 78 votantes.
Dessa forma, o Portal Roma News procurou alguns presidentes dos clubes paraenses para repercutir o assunto. Dentre os procurados, Fábio Bentes, do Clube do Remo, e Maurício Ettinger, do Paysandu, foram alguns dos que não atenderam as chamadas da reportagens.
Confira o que disse cada presidente:
Sanclei Monte – Tapajós
Não vou falar. É lamentável a gente estar na incerteza, mas também do nosso futebol está sempre jogado rumo abaixo. Não pelo Tapajós, mas pelo futebol. Todos estão nessa panela. É lamentável que chegamos a esse ponto. Fala-se tanto em democracia e não se faz um pleito democrático. Vemos manobras onde se colocam a eleição para um só lado. Estou decepcionado com a maneira como o futebol do nosso estado está sendo gerido. Atrapalha todos os clubes. Muito lamentável. Inclusive assinamos um documento pedindo uma assembleia geral e não tivemos resposta. Cobramos da Federação um posicionamento. Eles falam estar seguindo o que a Justiça manda e é isso. O Tapajós disputou um campeonato paraense sem resposta de nada. Hoje você não sabe o que está acontecendo. A resposta é “espera e aguarda”. Vem pessoas e dificultam isso ainda. O Tapajós teve a pior logística do campeonato (paraense 2022). O pior de todos os anos. Se isso não se resolver até o próximo campeonato, o Tapajós não vai disputar o campeonato.
Paulo Toscano – Paragominas
Estamos aguardando o que vai desenrolar. Está difícil. Este ano foi uma bagunça anormal em todos os sentidos. Troca de jogo, confusão pra montar tabela. Tudo errado. Já tentamos (acelerar o processo). Falamos com a direção quase todos os dias. Falam que vai sair (a eleição) no dia 29 (de junho). Semana que vem estarei em Belém e devo ir à Federação cobrar um novo posicionamento.
Sebastião Ferreira Neto – Águia de Marabá
Está prejudicando demais os clubes. O prejuízo é incalculável. Não fizemos (nenhum movimento para acelerar o processo), até porque a Federação está com interesse de fazer a eleição. A briga é na Justiça por parte dos candidatos. A Federação está marcando a eleição e os candidatos estão brigando na Justiça.
Helinho Junior – Castanhal
Estamos aguardando a definição. Estamos aguardando. Isso tem muitas coisas atrapalhando, que não estão beneficiando nós (clubes do Pará) nas competições. Torcemos que possa resolver logo para que tenhamos um representante legal o quanto antes.
Junior Tapajós – São Raimundo
Estamos também atrapalhados com essa situação. Queremos uma solução em breve. Estamos vendo que há um objetivo claro que esticar o máximo possível (o atual mandato). Queremos uma solução uma quanto antes. Já solicitamos (uma aceleração do processo). Em mais ou menos duas semanas, pedimos que fosse feita uma Assembleia Geral, mas não tivemos resposta. Por estatuto, podemos fazer isso quando não há uma eleição. Mas não tivemos resposta.