Quando um Papa morre, o Vaticano aplica o protocolo usual para seu funeral e sucessão. Mas o falecimento do Papa emérito Bento XVI, que renunciou há quase dez anos, representará uma novidade para as autoridades vaticanas.
Normalmente, a morte do supremo Pontífice desencadeia a rápida convocação de um conclave, no qual os cardeais escolhem seu sucessor. Um cenário necessariamente excluído no caso de Bento XVI, desde que Francisco o sucedeu em 2013.
O velório do Papa emérito Bento XVI será na próxima segunda-feira, 2 de janeiro, na Basílica de São Pedro do Vaticano. O funeral será na quinta-feira, 5, na Praça São Pedro, presidido pelo Papa Francisco. A informação foi confirmada pela Santa Sé, jurisdição eclesiástica da Igreja Católica, por meio de um comunicado.
Funeral de papa emérito
Os observadores da Igreja Católica acreditam que os rituais fúnebres de Bento XVI serão semelhantes aos de um bispo aposentado de Roma: um funeral na Basílica de São Pedro ou na praça. Mas, neste caso, a cerimônia seria presidida por Francisco e não pelo reitor do Colégio dos Cardeais. O enterro seria na gruta que fica sob a basílica.
Os próprios ritos estão contidos no “Ritual Romano”, que estabelece como os ritos litúrgicos devem ser celebrados, com orações e leituras específicas.
Alguns ajustes são necessários, no entanto: como Bento XVI era um chefe de Estado, o funeral presumivelmente seria mais pomposo, com a presença de delegações oficiais de todo o mundo.
Para dar-lhes tempo para chegar e honrar o antigo status de Bento XVI como papa, o corpo provavelmente permaneceria na basílica por alguns dias antes do funeral, como ocorreu com os papas anteriores.
Ainda são esperadas as visitas de vários peregrinos que fizeram filas por dias e noites para homenagear João Paulo II quando ele morreu em 2005.
Uma coisa que distinguiria um funeral de Bento XVI ao de um papa reinante são os nove dias de ritos fúnebres antes do enterro, chamados de “novemdiales”, que presumivelmente não aconteceriam, disse Melloni. Mas uma tradição que seria mantida é a colocação no caixão do livro dos Evangelhos.
Quando Bento XVI anunciou sua aposentadoria, em 2013, abriu uma década de território pontifício desconhecido. Desde seu título, “papa emérito”, até sua decisão de manter a batina branca do papado, Bento XVI criou em grande parte um novo manual para abranger tanto um papa reinante quanto um papa aposentado.
Seja qual for a opção escolhida, Francisco terá a última palavra.
Quando um Papa morre, seu anel pontifício, feito especialmente para cada novo papa e usado anteriormente como selo para documentos, também é destruído. No caso de Bento XVI, as armas papais em seu anel foram riscadas com um “X” após sua renúncia para torná-lo inutilizável.
Com informações do Extra e Estadão