Na última quinta-feira, 3, o perfil oficial da Presidência no Peru anunciou que a atual presidente, Dina Boluarte, foi autorizada a participar da Cúpula da Amazônia, que ocorrerá nos dias 8 e 9 em Belém. Esta será a primeira vez que Dina participará de um evento internacional como chefe de Estado. Dina assumiu a liderança do país em dezembro de 2022, após o Congresso aprovar um pedido de vacância (o equivalente a um processo de impeachment) contra Pedro Castillo. No entanto, ela estava impedida de fazer viagens, pois dependia da aprovação de um projeto que propõe que o chefe do Congresso a substitua em caso de viagens ao exterior.
Dina é a primeira mulher presidente do país e permanecerá no mandato até julho de 2026. A relação entre peru e Brasil não é tão estreita, mas a ideia do convite para a Cúpula é tentar aproximar os dois países.

Entenda
O Peru passa por uma crise política desde que o ex-presidente Pedro Castillo dissolveu o Congresso e decretou estado de emergência em todo território nacional. Como Dina era vice-presidente quando assumiu o cargo, a vaga de vice estava desocupada e não havia uma pessoa para substituí-la. No início desta semana, o presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola, disse que o governo espera que o Congresso debatesse a solicitação, o que aconteceu e permitiu o anúncio da presença de Dina na Cúpula da Amazônia na próxima semana.
Quem é Dina Boluarte
Dina Ercilia Boluarte Zegarra tem 60 anos e nasceu em Chalhuanca, Apurímac. Ela é advogada formada pela Universidade Privada San Martín de Porres, onde também fez mestrado em Direito Notarial e Registral, conforme seu currículo publicado na Plataforma do Estado Único. Iniciou sua carreira política em 2007, no Registro Nacional de Identificação e Estado Civil (Reniec) de Surco, como assessora da alta direção e, posteriormente, como a responsável.
Em 2018, foi candidata a prefeita de Surquillo pelo Partido Peru Libre. Dois anos depois, em 2020, participou das eleições parlamentares extraordinárias, mas não conquistou a cadeira.
Nas eleições gerais de 2021, foi candidata à vice-presidência pelo partido Peru Libre, na chapa encabeçada por Castillo e que saiu vitoriosa no segundo turno, após obter 8.836.380 votos, segundo o Júri Nacional Eleitoral (JNE).
Em meio ao segundo turno, em que os peruanos decidiam se escolheriam Castillo, da extrema-esquerda, ou Keijo Fujimori, da extrema-direita, Boluarte fez algumas declarações em que indicou que fecharia o Congresso caso o Legislativo não coordenasse “a favor da Pátria com o Executivo”.
Porém, em 2021, ela se retratou: “O que eu disse é que precisamos de um Congresso que trabalhe para as necessidades da sociedade peruana e que se articule positivamente com o Executivo para que os dois poderes do Estado possam trabalhar de forma coordenada para atender às múltiplas necessidades da sociedade peruana. Não queremos um Congresso obstrucionista (…) Em nenhum momento eu disse que vamos fechar o Congresso”.
Em 29 de julho de 2021, foi empossada como Ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social, cargo que ocupou até 25 de novembro de 2022, quando apresentou sua renúncia após a nomeação de Betssy Chávez como presidente do Conselho de Ministros.
“Hoje, tomei a decisão de não continuar no próximo gabinete ministerial. Após profunda reflexão, não tenho dúvidas de que a polarização atual prejudica a todos, principalmente o cidadão comum que busca sair da crise política e econômica”, escreveu Boluarte à época, mas que não deixou a vice-presidência.