'Upcycling de joias', entenda do que se trata

A sustentabilidade é um dos assuntos mais em alta e que definitivamente esteve no centro da maioria das discussões no ano de 2023. O termo “upcycling”, bastante conhecido por ser aplicado à moda, de forma simples traz o conceito de reaproveitamento de materiais para a produção de peças, diminuindo assim o...

Publicado em 2 de fevereiro de 2024 às 15:22

A sustentabilidade é um dos assuntos mais em alta e que definitivamente esteve no centro da maioria das discussões no ano de 2023. O termo 'upcycling', bastante conhecido por ser aplicado à moda, de forma simples traz o conceito de reaproveitamento de materiais para a produção de peças, diminuindo assim o descarte de resíduos sólidos e o impacto ao meio ambiente. O conceito já é bastante utilizado na produção de peças de vestuários, acessórios e objetos de decoração, mas um novo uso tem chamado a atenção: a reutilização de ouro e outros metais para a produção de joias.

As 'joias sustentáveis' já são uma tendência mundial e a Pandora, maior joalheria do mundo anunciou nesta terça-feira, 30, que não usa mais nenhum metal vindo de mineração, chegando ao compromisso firmado em 2020, previsto para 2025, um ano antes. As peças da marca serão produzidas agora com outro e prata 100% reciclados de peças compradas que serão transformadas em outras joias.

Esse movimento da gigante dinamarquesa mostra a tendência do setor em reduzir os impactos ambientais e sociais gerados a partir do processo de extração de pedras preciosas, fabricação e comercialização. O garimpo de pedras na maioria dos lugares onde é realizado é ilegal e no Brasil é uma grande questão social e ambiental.

O diretor executivo da Pandora, Alexander Lacik, emitiu um comunicado oficial onde ele afirma que 'os metais preciosos podem ser reciclados indefinidamente sem perda de qualidade'. A empresa tem a estimativa de diminuir de forma indireta a emissão de 58.000 toneladas de CO2 por ano, reciclando os metais.

Joalherias paraenses já pensam na sustentabilidade

Em Belém não existe um laboratório que fabrique pedras sintética, o que algumas joalherias já fazem é o reaproveitamento de materiais, como por exemplo, lapidar pedras a partir de vidros, a partir de garrafas de bebidas finas com o fundo ou o gargalo que servem como material lapidável, em uma técnica chamada 'in lay'. É o caso da AmoriMendes, empresa localizada dentro do Espaço São José Liberto, que nos últimos anos tem voltado o foco para produtos eco sustentáveis ou alternativos, ou ainda com baixo grau de impactos ambientais, se especializando em eco joias ou biojoias. Essa técnica de reaproveitamento é utilizada para as linhas de produtos sustentáveis da joalheria.

'Nossa empresa já usa essa forma de reaproveitamento há mais de 20 anos, começou pelo cuidado que sempre tivemos com o descarte correto do lixo que produzimos. Além do vidro existem materiais que podem ser utilizados pra lapidar, porém, depende de teste para verificar se irá gerar um resultado positivo', explica Júlia Mendes, designer e lapidária.

. por Processo de seleção de material. Acervo AmoriMendes

Julia explica também que a equipe da joalheria chegou a ir em São Paulo para realizar um treinamento com o objetivo de aprender a aplicar as técnicas de reaproveitamento e diminuir os impactos ambientais. Hoje em dia a empresa tem o cuidado com qualquer pedacinho de material que sobra para ser reutilizado. 'Reaproveitamos ouro e prata, mas, apenas internamente ou seja, dentro do nosso processo de produção, usando os resíduos de nossas bancadas e máquinas ou o chamado lixo de oficina', conta.

Além de joalherias locais é possível encontrar na internet várias outras joalherias no país que produzem joias com conceito de sustentabilidade e já divulgam o serviço como selo de joias com baixo impacto ambiental.