Juiz decreta prisão de dois suspeitos por ataque a assentamento do MST em Tremembé

O magistrado considerou que a prisão de Antonio Martins dos Santos Filho, o 'Nero do Piseiro' (já detido) e de Ítalo Rodrigues da Silva, é imprescindível.

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Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de janeiro de 2025 às 21:42

Juiz decreta prisão de dois suspeitos por ataque a assentamento do MST em Tremembé.
Juiz decreta prisão de dois suspeitos por ataque a assentamento do MST em Tremembé. Crédito: Reprodução

O juiz Flavio de Oliveira Cesar, da Vara do Júri de Taubaté, decretou a prisão temporária, por 30 dias, dos dois suspeitos de atacar um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), deixando dois mortos em Tremembé (SP), no Vale do Paraíba. 

"Soltos, eles poderão prejudicar o andamento das investigações, seja intimidando testemunhas e vítimas sobreviventes, seja dando continuidade a atos de violência para eliminar possíveis delatores. A agressividade com que os crimes foram praticados reforça a necessidade de adoção da medida", anotou o magistrado em despacho assinado neste domingo, 12.

Segundo o juiz, há "indícios consistentes de autoria" do crime em relação a 'Nero' e Ítalo.

As investigações apontam que a dupla, junto de outras pessoas ainda não identificadas pela Polícia, invadiu o assentamento em carros e motocicletas.

Segundo o Ministério Público, houve uma discussão sobre a 'disputa de terrenos' e o grupo abriu fogo contra os sem-terra.

Valdir Nascimento, 42, e Gleison Barbosa, 28, morreram no local. Outras seis pessoas ficaram feridas.

A decisão indica que vítimas sobreviventes do ataque identificaram 'Nero' e Italo, a partir de fotografias, como os autores dos crimes.

Um dos feridos, ainda no hospital, relatou que 'Nero' foi um dos atiradores. Uma outra testemunha depôs na delegacia e afirmou que o grupo de Nero e Ítalo tentou invadir um lote, ameaçando os moradores. Este reconheceu Ítalo.

'Nero do Piseiro' já foi localizado e detido em flagrante pela Polícia Civil. Ele foi encontrado no sábado, 11, em uma casa de Taubaté.

Durante a diligência, a Polícia não apreendeu armas ou objetos que o vinculassem o crime, o que fez com que a Justiça relaxasse a prisão do investigado em audiência de custódia. No entanto, ele não saiu do cárcere: enquanto corria o prazo para que fosse realizada a oitiva, o Ministério Público pediu a prisão temporária do suspeito, que foi prontamente decretada pelo juiz Flavio de Oliveira Cesar.

Ítalo ainda não foi preso. As equipes do Departamento Estadual de Investigações Criminais de Taubaté estão fazendo diligências para encontrá-lo.

A decretação das temporárias segue pedido da Polícia Civil e parecer do Ministério Público de São Paulo.

A promotora Daniela Michele Santos Neves alegou que a prisão da dupla é "imprescindível para as investigações dos crimes", considerando a gravidade dos delitos e a "periculosidade" dos suspeitos.

Segundo o MP, a medida ainda visa garantir maior segurança às testemunhas.