Publicado em 26 de junho de 2024 às 14:28
A perda lastimável de um dos maiores empresários locais ainda ecoa na sociedade paraense diante da forma com que deixou a vida Bené Mutran - assim carinhosamente chamado pelos mais próximos. Mas o que muitos não sabem são os desafios e o bom combate que Bené travou nos últimos anos, enfrentando as agruras e dificuldades da vida e da sua luta pela sobrevivência ante a voracidade de um câncer que lhe causava dores intensas, mesmo sob a administração de potentes medicações. São esses pormenores da vida do empresário e pai de família que seu filho, Benedito Mutran Neto, aqui expõe, uma lição de amor incondicional, num texto lancinante e comovente que o Roma News aqui reproduz com exclusividade:
'No transcurso do dia de ontem, 1º de março de 2024, fui acometido pela dolorosa perda de meu amado pai, conhecido afetuosamente por todos como Bené Mutran.
Ele não era apenas o meu pai, mas também meu maior amigo, conselheiro, parceiro de negócios e companheiro inestimável em cada jornada empreendida.
O infortúnio que nos abateu foi de uma brutalidade inaudita, dilacerando o tecido de nossa existência de maneira inconcebível.
Aqueles que tiveram a ventura de compartilhar de nossa convivência podem atestar a singularidade da relação que nos unia, uma simbiose emocional e profissional verdadeiramente excepcional.
O vácuo deixado por sua partida é uma lacuna que transcende o tangível, infligindo uma dor profunda e indelével em meu ser e da minha família.
Ademais, a saga de adversidades enfrentadas por meu pai, especialmente nos últimos quatorze anos de sua vida, foi marcada por um sofrimento imensurável, conhecido apenas em sua plenitude por aqueles que compõem o nosso núcleo familiar. Esse padecimento originado pela transação de suas propriedades rurais, até então bastiões de excelência no âmbito da pecuária nacional, para um consórcio cuja nefasta natureza me recuso a qualificar.
É neste contexto que se deu a extinção do espírito combativo que sempre caracterizou Bené Mutran.
Diagnosticado há mais de um mês com metástase óssea, que se alastrou para os pulmões, fígado e demais órgãos, decorrente de um carcinoma renal primário identificado em 2020, meu pai enfrentou dores inenarráveis. Estas, apesar dos esforços de medicações potentíssimas, eram de uma intensidade que desafiava a própria essência da vida.
A progressão da doença foi de uma voracidade que despojava qualquer esperança.
A decisão de meu pai de antecipar seu encontro com a eternidade foi uma escolha silenciosa e desesperada para reencontrar sua paz e que, certamente, não está sob julgamento de mortais pecadores.
Elevamos, sim, nossas preces para que seja acolhido na morada celestial, recebendo o perdão e a misericórdia divina.
Desejo expressar minha sincera gratidão pelas homenagens prestadas. Todas, sem distinção, me tocaram profundamente, evidenciando que, apesar das distâncias e do tempo, os laços afetivos permanecem inalterados.
Guardarei comigo as memórias mais queridas daquele que foi meu maior mentor, inspiração e objeto de admiração perene.
Estejam convictos de que, amparado pelo incondicional suporte de minha família, dedicar-me-ei com inabalável perseverança na busca incessante pela justiça.
Ainda nutro, como cidadão e, aos 47 anos, graduando em fase de conclusão do curso de Direito, a esperança fundada nas concepções aristotélicas, segundo as quais a distribuição equitativa da justiça constitui o alicerce primordial para a sustentação da ordem social e o pleno desenvolvimento humano. Paralelamente, inspiro-me na seminal obra de John Rawls, 'Uma Teoria da Justiça', que propugna a escolha dos princípios de justiça a partir de uma posição original de igualdade, sob o auspício de um ‘véu de ignorância’.
Tal abordagem asseguraria a imparcialidade necessária para a configuração de uma sociedade justa e equitativa.
Assim, comprometo-me a empenhar todos os esforços possíveis para honrar e perpetuar o legado de integridade, laboriosidade e honradez deixado por meu pai.
A você, meu venerado pai, transmito aquele meu tradicional abraço e beijo que, no momento de sua partida, não tive a oportunidade de te ofertar'.
Benedito Mutran Neto, em memória de Benedito Mutran Filho, o inesquecível Bené Mutran.