Publicado em 18 de novembro de 2024 às 12:20
O Pará contribuiu com 41,1% do PIB, na Região Norte, mantendo-se na 1ª colocação. Em 2022, as atividades econômicas com maiores taxas de crescimento em volume foram: artes, cultura, esporte e recreação e outros serviços (26,1%); alojamento e alimentação (21,9%); serviços domésticos (17,3%) e produção e distribuição de energia e água (11,4%). Destacam-se também as atividades que registraram quedas em volume de produção: indústria extrativa (-10,9%); serviços de informação (-3,5%); e indústria de transformação (-1,9%).
Os dados foram apresentados pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), em colaboração com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esta semana, na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa). Trata-se dos resultados das Contas Regionais do Brasil para o ano de 2022, que contemplam o Produto Interno Bruto (PIB) Estadual e apresenta uma análise detalhada das principais variações em relação ao ano de 2021.
Entre os setores produtivos, destaca-se o setor de serviços, excluindo o valor da administração pública, que apresentou o maior ganho de participação relativa na composição da economia do estado em 2022, passando a contribuir com 34,3%, um aumento de 7,3 pontos percentuais em relação ao ano anterior (27%). O setor da administração pública teve uma participação de 22,6%, um ganho de 6% em relação a 2021.
A agropecuária contribuiu com 11,4%, com um ganho de 1,3%. E, a atividade industrial teve uma participação de 31,8%, apresentando uma redução significativa de 14,6% em relação a 2021.
Comércio, manutenção e reparação de veículos (10,6% em 2022) e atividades imobiliárias (7,1% em 2022) mantiveram, respectivamente, a terceira e quarta posições entre as atividades com maior participação na economia regional em termos de Valor Adicionado.
A agropecuária manteve a terceira posição de 2021, com uma participação de 11,4% em 2022, ou seja, 1,3 ponto percentual acima do ano anterior. No entanto, esse aumento na participação não refletiu um crescimento no VA da atividade. Pelo contrário, o VA da agropecuária caiu de R$ 24,29 bilhões para R$ 24,05 bilhões em 2022, uma redução de R$ 245 milhões no comparativo anual.
A indústria extrativa, por outro lado, destacou-se negativamente como a atividade com maior redução no VA. Embora ainda ocupasse a segunda posição entre as atividades econômicas do Pará em Valor Adicionado, registrou uma queda de R$ 46,5 bilhões, reduzindo sua participação de 34,1% em 2021 para 16,7% em 2022. Essa queda deve-se, em parte, à variação no volume de produção da extração mineral, que registrou um encolhimento de 9,9% em 2022, com destaque para a redução na produção de minério de ferro (-9,2%), além da queda em volume de outros minerais, afetados por níveis elevados de chuva e por licenciamentos e processos de manutenção mais prolongados que o previsto.
“Tivemos um impacto da queda global das commodities mineral, nosso principal comprador a China diminuiu a sua compra e com isso houve uma queda no PIB, porém tivemos uma estabilidade porque outros setores passaram a compensar setores de serviços de administração pública ou agronegócio”, explicou o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.
Agropecuária - O Setor Agropecuário composto pela Agricultura, EconomiaPecuária e a Produção florestal, pesca e aquicultura, em 2022 teve bom desempenho influenciado, em grande medida, pela atividade agrícola, que apresentou expansões de produção e de valor, em seus principais produtos. Entre esses produtos destacam-se: açaí, soja, milho e dendê, que expressaram aumentos de quantidade produzida (14,9%, 11,4%, 12,0% e 2,0%, respectivamente) e elevação significativa dos preços praticados pelo produtor.
Na pecuária, a criação e bovinos, expandiu seu rebanho em 3,6%alcançando a marca de 24.791 mil cabeças de bovinos (2º maior rebanho nacional).
“É importante que todo mundo calcule o PIB do mesmo jeito usando as mesmas metodologias e seguindo as regras internacionais para que as estatísticas possam ser comparadas com as estatísticas de outros países, então esse seria o primeiro papel do IBGE e a parceria com a Fapespa é indispensável para que esses dados representem a realidade”, destacou durante a apresentação o representante do IBGE, Superintendência no Pará, Marco Aurélio Lobo.
A Construção Civil, dentro do setor industrial, contribuiu com 13,1% (R$ 8,78 bilhões) na geração do Valor Adicionado, apresentando uma variação nominal de 2% em relação a 2021 (R$ 8,61 bilhões) e registrando um crescimento real de 7,3% em 2022.
“O conhecimento que a Fapespa tem da realidade do Pará através de outros estudos permite que ela avalie criticamente os dados que são coletados do IBGE para prevenir discrepâncias que não representam a realidade. Com isso, nós temos certeza de que os números são reais e que refletem o momento econômico do Pará, são dados que influenciam nas tomadas de decisões governamentais e empresariais. Assim, a divulgação do PIB do Pará fornece informações essenciais para decisões econômicas, políticas e sociais, sendo fundamental para promover o crescimento sustentável e melhorar a vida da população. Daí a importância dos estudos.”, avalia Atyliana Dias, diretora de Estatística e de Tecnologia e Gestão da Informação (DETGI) da Fapespa.
Serviços - O setor de Serviços, que já possuía grande relevância em 2021, retomou em 2022 a liderança no Valor Adicionado da economia paraense, sendo responsável por 56,8% do total, o equivalente a R$ 119,79 bilhões – uma variação nominal de 14,7% em relação a 2021. Das 11 atividades desse setor, 10 apresentaram variação nominal positiva em 2022, mantendo o bom desempenho observado em 2021. As três principais atividades do setor permaneceram inalteradas, com uma leve variação negativa na concentração: em 2021, essas atividades concentravam 72,2% do Valor Adicionado, reduzindo para 70,9% em 2022. Essas atividades são: Administração pública (39,7%), Comércio, manutenção e reparação de veículos (18,6%) e Atividades Imobiliárias (12,6%).
Os destaques são: Artes, cultura, esporte e recreação e outros serviços (26,1%); Alojamento e Alimentação (21,9%); e Serviços domésticos (17,3%). Todas tiveram um impacto em pontos percentuais positivo ao desempenho positivo do setor.
“Toda ação tem uma reação, então as medidas que o Estado toma são monitoradas e o PIB é um dos indicadores que faz esse monitoramento. Um dado importante deste ano é a queda do setor mineral, mostrando ser um setor importante, pois temos uma das maiores jazidas de minerais do planeta, mas que, ao depender de uma única matriz econômica, seria uma monocultura. Daí a importância dos investimentos em outras áreas, como a bioeconomia. E desde 2019 o governador Helder vem mostrando ser preciso valorizar a floresta não só do ponto de vista ecológico, mas também do ponto de vista monetário. É preciso monetizar a floresta viva para que ela possa valer mais que a floresta morta. Então com isso, é claro que a tomada de decisão se dá, a partir desses números e nós estamos no caminho certo da valorização da bioeconomia”.