Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 14:24
A marajoara Tayres Pacheco foi à Brasília, no dia 28 de novembro, receber o Prêmio Periferia Viva do Ministério das Cidades, com o projeto “Cine Clube Ribeirinho Marajoara”. Uma iniciativa cultural com início no ano de 2021, nas comunidades ribeirinhas Rio Arioca, Rio Anuera, comunidade do Castanheiro, localizadas em Oeiras do Pará. Atualmente, o projeto acontece no Quilombo do Arirá, na ilha do Marajó. O objetivo da iniciativa é usar a arte como ferramenta de combate a violência doméstica, empoderamento cultural, combate ao racismo, sustentabilidade, empreendedorismo, acessibilidade e sexual. Além de democratizar o acesso ao cinema e promover a valorização da cultura amazônida, através de exibições de filmes, debates e oficinas audiovisuais.
Na cerimônia de premiação, que ocorreu no Palácio do Planalto, 178 iniciativas que estão mudando a realidade das periferias do Brasil foram contempladas. O Prêmio “Periferia Viva” é uma iniciativa do Ministério das Cidades, através da Secretaria Nacional de Periferias, e tem como objetivo reconhecer, valorizar, potencializar e premiar iniciativas populares, de assessorias técnicas e de entes públicos governamentais que estejam em andamento, e que promovem enfrentamento da desigualdade socioespacial e a potencialização e transformação dos territórios periféricos. A cantora paraense, Gaby Amarantos, foi quem cantou o hino nacional durante a realização do evento oficial. Fizeram parte da cerimônia o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das cidades, Jader filho.
Reconhecida na comunidade como Tatá Marajó, a proponente do projeto é atriz, diretora, produtora cultural e destaca a importância dessa conquista: “O Cine Clube Ribeirinho é uma extensão de quem somos. Poder levar o cinema e a valorização da nossa identidade para comunidades que compartilham a mesma essência e luta que nós é uma realização imensa. Nosso povo ribeirinho tem muita história para contar, e este prêmio é uma confirmação de que estamos no caminho certo”, explica a idealizadora.
Este reconhecimento do Prêmio Periferia Viva ressalta a relevância do projeto em fortalecer a identidade e o protagonismo das comunidades ribeirinhas e quilombolas do Marajó.“É com muita alegria que o Cine Clube Ribeirinho Marajoara celebra esta premiação e a continuidade das atividades no Marajó! Após o sucesso das ações na comunidade quilombola do Arira, o projeto expandirá suas atividades para outras comunidades ribeirinhas e quilombolas de Oeiras do Pará, como Rio Sacajos e Rio Italcu”, anuncia Tatá.
Cine Clube Ribeirinho Marajoara
O Cineclube Ribeirinho Marajoara é uma iniciativa cultural que atualmente está com ações no Quilombo do Arirá, na Ilha do Marajó e vem ganhando destaque por democratizar o acesso ao cinema e promover a valorização da cultura marajoara. Com exibições de filmes, debates e oficinas audiovisuais, o projeto se consolidou como um espaço de resistência cultural e empoderamento comunitário, especialmente em áreas ribeirinhas.
O projeto foi vencedor do Edital de Cineclubes 2023, promovido pela Secretaria de Cultura do Pará (Secult). Essa conquista garantiu recursos para fortalecer as atividades do cineclube e expandir seu alcance, ampliando o impacto social e cultural na região.
“A repercussão do Cineclube Ribeirinho Marajoara tem sido extremamente positiva, evidenciada por sua capacidade de reunir a comunidade para reflexões sobre temas locais e globais através do audiovisual. Jovens, adultos e crianças têm a oportunidade de interagir com a linguagem cinematográfica, descobrir novas narrativas e refletir sobre a realidade local, promovendo uma verdadeira transformação cultural. Essa iniciativa não só reforça a identidade cultural marajoara, como também estimula a formação de novas plateias para o cinema brasileiro, conectando tradições locais à modernidade. Com o apoio obtido pelos prêmios e editais, o cineclube se prepara para expandir suas atividades, garantindo que o cinema alcance cada vez mais pessoas às margens do rio e al
Tata Marajó, a idealizadora do projeto, é natural do rio Sacajos, em Oeiras do Pará. A relação com o Marajó é desde infância, “eu sou ribeirinha, morei parte da minha infância no meu território e tive que sair para estudar e hoje estou de volta para somar com todos os meus irmãos. Fui uma criança sem o mínimo de contato com a arte, e por saber da potência que ela tem na minha vida, quero poder sempre usar ela no meu território”, conta Tata.
As últimas atividades desenvolvidas pelo projeto aconteceram no mês de novembro. Em alusão à data da comemoração da consciência negra, no dia 20, em Arira, houve a exibição de “Irmandade Ancestral: O Legado de São João Batista”, documentário produzido pelos integrantes do . Uma oficina de audiodescrição foi realizada com o intuito de promover acessibilidade e enriquecer o repertório técnico dos participantes.