Publicado em 26 de dezembro de 2024 às 19:05
Banhado pelo doce dos rios Amazonas, Tocantins e Pará, e pelo salgado mar do Atlântico, o Marajó é um local de confluência. Os antigos garantem que é o reino das águas — místico e ancestral. A magia Caruana que povoa a região, imersa em pajelança, protagoniza o espetáculo performativo “Encantaria Marajó – Onde o Silêncio Não Cai”, no qual Leonel Ferreira mergulha na oralidade, mitopoética e religiosidade da região, especificamente de Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari. A obra estreia nesta sexta-feira (27), no Casarão do Boneco, em Belém, e depois faz temporada no arquipélago até fevereiro de 2025.
O espetáculo foi selecionado no edital de Multilinguagens da Secretaria de Cultura do Pará (Secult), por meio da Lei Paulo Gustavo, e conta com o apoio do Casarão do Boneco e da Cia. de Teatro Madalenas.
No monólogo, Leonel, além de ator, assina a dramaturgia e a direção geral. Um dos artistas mais criativos de sua geração, ele é mestre em Artes, sociólogo, premiado no Festival Nacional de Teatro do Piauí e integrante do Coletivo Artístico Casarão do Boneco, da Rede de Contadores de Histórias do Pará e do Fórum Livre Permanente de Teatro do Pará.
Exploração mística e cultural
O novo trabalho surge a partir de relatos compartilhados por mestres e mestras da sabedoria marajoara. Em suas andanças pelo Marajó desde 2019, Leonel conheceu figuras como Mestre Damasceno, repentista, cantador de carimbó e criador do “búfalo-bumbá”, e Mestre Dikinho, vaqueiro e compositor de lundus, bossas e sambas.
"Fiquei muito tocado com tudo aquilo e resolvi colocar essas histórias no palco, de maneira singela, honesta e com o máximo respeito pela sabedoria tradicional da região", explica Leonel.
Entre as figuras que povoam os relatos do Marajó, destacam-se a Cobra Grande, associada aos redemoinhos do rio Paracauari, e o Vaqueiro Boaventura, cuja lenda inspira oferendas deixadas nos campos em busca de animais perdidos.
Turnê e conexões culturais
Depois de estrear em Belém, a obra retorna ao Marajó, com a primeira apresentação em Cachoeira do Arari, em janeiro, durante as festividades de São Sebastião. Em fevereiro, o espetáculo será encenado em Soure e Salvaterra, em espaços de grande relevância cultural.
"Estamos super ansiosos. Trazer essas histórias para o teatro é uma forma de celebrar a potência cultural marajoara e promover o respeito pela sabedoria tradicional", ressalta o artista.
Serviço:
Espetáculo “Encantaria Marajó – Onde o Silêncio Não Cai”
Equipe Técnica: