Publicado em 5 de dezembro de 2024 às 13:16
Um comediante dos Estados Unidos, identificado como Calimar White, decidiu criar uma empresa que vai aos locais de trabalho, para xingar os chefes de seus clientes no lugar deles. A empresa OCDA (Cuidados Ocupacionais, Negócios de Diversidade) é especializada em "retificar reclamações e proporcionar um melhor ambiente de trabalho". A empresa foi criada por comediante, mas é coisa séria.
"Nos dedicamos a ajudar indivíduos a resolver reclamações sobre seus gerentes", diz site da empresa. Na verdade, a operação da OCDA é um pouco mais direta do que parece. Calimar White, é o criador do negócio, e recebe reclamações de trabalhadores de vários lugares dos Estados Unidos e incentiva que eles escrevam o que quiserem aos seus chefes em suas mensagens, totalmente anônimas, que serão entregues por ele.
Comediante vai até locais de trabalho e confronta chefes com palavrões e xingamentos. Vídeos publicados por White em suas redes sociais mostram um pouco das abordagens realizadas por ele, sob o pseudônimo de "Agent Ratliffe", nas empresas denunciadas: primeiro, questiona se fala com a pessoa certa. Se sim, explica que está lá para falar sobre as reclamações que recebeu e passa a lê-las como chegaram a ele. "Verbatim", como gosta de explicar.
"Você parece o Pinguim do Batman!". Em um de seus vídeos mais virais, White vai a uma empresa cujos funcionários acusaram o chefe de tratamento diferente com trabalhadores negros e de dizer que o 'Juneteenth', feriado celebrado em 19 de junho pelo fim da escravidão nos EUA, não era um "feriado de verdade". White chega a ler algumas reclamações sobre o homem, como "ele não gosta de pessoas negras" e "ele aumenta a meta [de vendas] três dias antes do fechamento para não pagar bônus", antes dele fechar as portas da empresa e pedir para White sair.
O que fazemos é: pessoas vão ao meu website, fazem uma reclamação sobre seus chefes ou supervisores, algo assim. Nós vamos ao trabalho deles, repreendemos e xingamos [os chefes]. Tudo o que você quiser dizer ao seu chefe, que você não pode dizer, contatem-nos, que nós aparecemos e dizemos.
Calimar White, fundador da OCDA, em entrevista ao canal RealLyfe Productions
"É uma empresa real, com reclamações reais", diz White. Ele aponta que muitos pensam que a OCDA serve somente como ação de comédia, mas que na realidade quer "defender as pessoas no ambiente de trabalho". "Acredito que posso fazer uma mudança efetiva no mundo", aponta.
White chegou a ser preso por fingir ser agente do governo. Ao canal RealLyfe Productions, White afirmou que policiais foram à sua casa com rifles em mãos, com a intenção de prendê-lo e confiscar todos seus aparelhos eletrônicos. Ele fora denunciado diversas vezes por fingir ser parte do OSHA, órgão governamental que atua assegurando condições de trabalho seguras. White conta que seu crachá possuía a sigla da OSHA, mas que ele "não sabia que se tratava de uma agência governamental". Ele foi solto sob fiança e já teve outros encontros com a polícia durante suas atuações, mas não chegou a ser preso novamente.
OCDA é sem fins lucrativos, mas cobra 6 dólares para cada reclamação. , White explicou que quer ser "uma voz para o povo" e que o que acontece nos vídeos é completamente verdadeiro.
Empresa tem requerimentos incomuns para contratações. Candidatos não podem "ser feios", devem beber ou fumar, saber xingar e responder rapidamente, ter pelo menos diploma do ensino médio, boa higiene e ter sido criado em uma casa com apenas um pai. As entrevistas são realizadas em lives do Instagram com o próprio fundador da OCDA.
“A OCDA está comprometida em elevar os padrões do local de trabalho capacitando os indivíduos a compartilhar suas queixas genuínas. Nossa missão é garantir que essas questões sejam apresentadas e tratadas com a máxima seriedade, promovendo uma cultura de respeito e capacidade de resposta. Defendemos uma abordagem proativa para a resolução de problemas e satisfação dos funcionários”, diz OCDA, em sua conta oficial no YouTube.
Suas redes sociais elevaram a empresa. White posta suas abordagens no TikTok e no Instagram, onde se tornou popular. No TikTok, acumulou 975 mil seguidores e 9,8 milhões de curtidas. Já no Instagram, tem 100 mil seguidores.
Ranking colocou EUA como 77° país de 142 onde direitos trabalhistas são melhor cumpridos. Levantamento da World Justice Project mede a "aplicação efetiva dos direitos trabalhistas fundamentais, incluindo a liberdade de associação e o direito à negociação coletiva, a ausência de discriminação em relação ao emprego e a liberdade de trabalho forçado e trabalho infantil". No mesmo ranking, o Brasil ficou na 114ª posição, atrás de Haiti, Venezuela e México.
Com informações do Portal UOL