Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 11:17
Esta quarta-feira, 08 de janeiro de 2024, o país relembra os dois anos do ato realizado em Brasília, capital federal, contra o resultado das eleições presidenciais de 2022, que teve como eleito o petista, Luiz Inácio Lula da Silva. Sobre a data, o governador do Pará, Helder Barbalho, compartilhou a mensagem divulgada ao site Estadão, em que classifica a data como "o dia que ainda não terminou".
Leia a mensagem na íntegra:
"Se a tentativa de golpe do 8 de janeiro tivesse prosperado e uma ditadura tivesse sido implantada no Brasil, você não estaria lendo este texto. Em vez dos muitos que criticam o Supremo Tribunal Federal, ninguém poderia criticar ninguém. Talvez eu, você, seu vizinho, um parente, um amigo pudéssemos estar sendo perseguidos, desaparecidos.
Haveria muito silêncio, muito medo e a ditadura se tornaria cada vez menos dita e cada vez mais dura.
Foi disso que o Brasil escapou em 8 de janeiro de 2023, quando as instituições da democracia venceram a barbárie. E não termos afundado no abismo não significa que ele não exista e que não estivemos à beira do precipício. É momento de celebrar a força de nossas instituições e de exorcizar os adoradores da opressão. Saí profundamente impactado quando assisti ao hoje mundialmente celebrado e premiado filme
Ainda Estou Aqui, que tem a proeza de reconectar todos os que não viveram os anos de chumbo no Brasil, e com a clara sensação de dor e desespero do que significa não viver numa democracia.
Para todos que estamos numa democracia e convivemos com suas inúmeras imperfeições - e podemos criticá-la, nos decepcionar com a lentidão dos resultados práticos, das mudanças, num mundo cada vez mais complexo -, basta um vislumbre dos porões de uma ditadura para entendermos a frase de Winston Churchill: "A democracia é o pior sistema político, tirando todos os demais".
Num livro iluminado sobre a ditadura militar, o admirável jornalista e escritor Zuenir Ventura escolheu como título 1968: o Ano que Não Terminou. Na obra, ele parte do efervescente ano de 1968, com toda a agitação estudantil nas ruas de Paris, o aprofundamento da ditadura no Brasil e o surgimento de inúmeros líderes e talentos que iriam se destacar a partir daquele momento pelas próximas décadas em diversos segmentos da sociedade brasileira, para mostrar que as ideias e os ideias daquele ano continuaram ecoando e, não, 1968 não terminou.
Continuou vivo em desdobramentos, no legado, no idealismo e nas lutas que inspirou e serviu de inspiração para muitos que vieram depois.
Usando o mesmo prisma, não podemos aceitar que o 8 de Janeiro terminou no último segundo daquele dia nefasto. Não podemos nunca nos esquecer e nunca baixar a guarda. A democracia resistiu, mas temos de lidar com os inimigos da liberdade como se o 8 de Janeiro nunca tivesse terminado. Como se sua sombra estivesse - e está! - sempre à espreita.
O 8 de janeiro não terminou, pois nunca irão sumir os inimigos da democracia. Por isso, toda a vigilância e a união de todos para punir os que desrespeitam, desrespeitaram ou desrespeitarem o Estado Democrático de Direito. Democracia sempre. Ditadura nunca mais".