Publicado em 8 de dezembro de 2024 às 13:18
Dezenas de pessoas manifestaram-se no centro de Damasco para celebrar a queda do regime do ditador da Síria, Bashar Assad, em uma ofensiva relâmpago de pouco mais de uma semana colocou fim a uma das ditaduras mais sangrentas e longevas do Oriente Médio. Assad fugiu do país após renunciar ao cargo, poucas horas antes do grupo rebelde Hayat Tharir al-Sham (HTS) ter tomado as cidades de Homs e Damasco, os principais centros de poder do país em mãos do regime.
A televisão estatal síria transmitiu uma declaração onde o grupo afirma que Assad foi deposto. Ele conseguiu fugir do país através do Aeroporto Internacional de Damasco para um local não divulgado, antes dos insurgentes entrarem na capital e das forças de segurança nacional abandonarem o terminal aéreo.
Segundo a chancelaria da Rússia, o ditador orientou seus colaboradores a dar início a uma transição pacífica com os grupos da oposição síria, liderados pelos rebeldes do Hayat Tharir al-Sham. O destino de Assad é desconhecido.
O Ministério de Relações Exteriores da Síria divulgou um comunicado no qual afirma que um novo capítulo da história do país está sendo escrito. "Vamos consagrar um novo acordo nacional de união que reúna todos os sírios, diz o texto.
O primeiro-ministro da Síria, Mohammad Ghazi al-Jalali, afirmou a um canal de notícias de propriedade saudita que falou pela última vez com o presidente Bashar Assad no último sábado, 7, e que não conseguiu contatá-lo desde então. As forças rebeldes que entraram em Damasco disseram que trabalharão com al-Jalali.
Na TV estatal síria, os rebeldes anunciaram a libertação da cidade de Damasco e a queda do tirano Bashar Assad e a libertação de todos os prisioneiros detidos injustamente. Também foi pedido aos combatentes e aos cidadãos para salvaguardarem as propriedades do Estado sírio livre.
No centro de Damasco pessoas se reuniam para celebrar a queda do regime e foram vistas imagens de pessoas pisoteando uma estátua de Hafez, pai de Bashar. Na Praça Umayyad, o barulho de tiros em sinal de comemoração se misturou aos gritos de "Allahu Akbar" ("Deus é o maior").
As comemorações também eclodiram em partes do Líbano, que abriga mais refugiados sírios per capita do que qualquer outro país do mundo. As estações de notícias locais transmitiram imagens mostrando multidões cantando nas passagens de fronteira do país com a Síria, juntamente com procissões jubilosas na capital, Beirute, e na cidade de Trípoli, ao norte.
Ofensiva relâmpago
Em pouco mais de uma semana, os homens do HTS, que unificaram os grupos rebeldes anti-Assad no norte do país, lançaram uma ofensiva relâmpago que tomou uma a uma as principais cidades do país. Caíram, na sequência, Aleppo, Hama, Homs e finalmente, Damasco.
Grupos rebeldes curdos tomaram a cidade de Deir Al-Zour, no leste, um ponto estratégico de passagem entre o Iraque e a Síria, e outros dissidentes avançaram a Damasco pelo sul após tomar a cidade de Deraa.
Ao longo da semana, russos e iranianos e o Hezbollah libanês, os principais aliados de Assad, abandonaram suas posições na Síria e não se comprometeram a ajudá-lo.
Enfraquecido politicamente e do ponto de vista militar, Assad tinha duas opções: a fuga ou a morte. Optou pela fuga.
Reação americana
O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou estar monitorando de perto os "acontecimentos extraordinários" que ocorrem na Síria, informou a Casa Branca depois que um monitor de guerra afirmou que o presidente Bashar al Assad fugiu do país e os rebeldes declararam que haviam tomado a capital.
O anúncio foi feito pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Sean Savett, através de uma publicação no X.
O enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Geir Pedersen, disse em um comunicado no domingo que estava aguardando com "esperança cautelosa" a abertura de um novo capítulo para a Síria. Ele pediu a "todos os sírios que priorizem o diálogo, a unidade e o respeito à lei humanitária internacional e aos direitos humanos enquanto buscam reconstruir sua sociedade".