Belo Monte e Ideflor-Bio promovem a soltura de 50 mil quelônios no Xingu

Desde o início do programa, em 2011, aproximadamente 7 milhões de filhotes foram devolvidos aos rios da região amazônica

Publicado em 30 de novembro de 2024 às 15:17

O programa promoveu a soltura de 60 mil quelônios
O programa promoveu a soltura de 60 mil quelônios Crédito: Jessica Santana

Cerca de 50 mil filhotes de quelônios foram soltos no rio Xingu por voluntários da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, e pela equipe do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio). A ação aconteceu neste sábado, 30, e faz parte do projeto Tartarugas do Xingu, que, neste ano, contou com a participação de crianças, auxiliando na soltura de tartarugas, tracajás e pitiús.  As atividades ocorreram na Unidade de Conservação Refúgio de Vida Silvestre (Revis), no Tabuleiro do Embaubal, em Senador José Porfírio, sudoeste do Pará.

Desde o começo do Programa de Conservação e Manejo de Quelônios da hidrelétrica, em 2011, aproximadamente 6 milhões de filhotes foram devolvidos à natureza. Neste ano, o monitoramento constatou 1.748 ninhos das três espécies. As crianças se divertiram cavando e enquanto ajudavam os filhotes andarem até as águas do rio, também aprenderam algumas curiosidades.

Participantes da soltura dos quelônios
Participantes da soltura dos quelônios Crédito: Jessica Santana

Arthur Cavalcante Gomes de anos 9 anos, ficou encantado com a quantidade de filhotes soltos na areia, como bom voluntário, ele ‘arregaçou as mangas’ e ajudou a pegar os quelônios e soltá-los no rio, além disso, o estudante participou da aula de conscientização e disse o que aprendeu sobre as tartarugas. “Eu gostei da aula que ele deu, eu descobri que uma Tartaruga-da-Amazônia chega até 65 quilos”, detalha.

Já o Tracajá chega a 45 cm e 5 kg na fase adulta e o Pitiú alcança cerca de 4 kg e 35 cm, com as fêmeas sendo maiores que os machos. Quanto à reprodução, as Tartarugas-da-Amazônia colocam entre 80 e 100 ovos por ninho; os Tracajás, de 15 a 30 ovos; e os Pitiús, de 20 a 25 ovos.

Filhotes de quelônios
Filhotes de quelônios Crédito: Jessica Santana

O voluntário Nikaelyson Batista compartilha sua experiência ao participar do projeto pela primeira vez. "Participar do projeto foi uma experiência única. A gente teve a oportunidade, coletivamente, de aprender muita coisa, principalmente sobre a importância da preservação das espécies da nossa região. São três espécies, e tivemos a chance de conhecer mais sobre cada uma, suas particularidades e os desafios que enfrentam, desde a desova até chegarem ao rio. Com certeza vou transmitir o que aprendi aqui hoje com outras pessoas", enfatiza.

Desde agosto, 5 biólogos e 10 auxiliares do projeto começaram a fazer o monitoramento da reprodução dos quelônios. A desova vai até o final do mês de novembro, em 20 praias do Tabuleiro do Embaubal. Já a eclosão dos filhotes inicia também em dezembro. Os filhotes geralmente nascem entre a madrugada e o amanhecer, e caminham em direção ao rio. Entre as atividades desenvolvidas no programa também estão o manejo dos ninhos, incluindo a demarcação, e o monitoramento das condições naturais de reprodução.

Para ajudar os quelônios a ingressarem na natureza, a Norte Energia realiza ações com voluntários e, além das crianças, 40 funcionários participaram das escavações na areia para auxiliar no nascimento dos filhotes. O objetivo do projeto de voluntariado Tartarugas do Xingu, em sua 7ª edição, é sensibilizar e conscientizar a população sobre a importância da preservação dos quelônios. A iniciativa conta também com a parceria de moradores das comunidades próximas, que unem esforços para reduzir à ameaça dos predadores naturais, como aves, peixes e cobras.

“A gente está aqui, na sétima edição do projeto Tartarugas do Xingu, celebrando esse momento que, além de importante para a fauna da região, representa uma renovação da vida. Levando em conta que a tartaruga-da-Amazônia começa a se reproduzir aos 08 anos de idade, em breve alguns filhotes que ajudamos na primeira edição já utilizarão as praias do Tabuleiro como local seguro para que seus filhotes nasçam. Ver esses filhotes ganhando a liberdade depois de meses de trabalho é muito gratificante. Graças a esse trabalho que fazemos com o Ideflor-Bio, todos os anos ajudamos que milhares de quelônios nasçam e habitem os rios da região amazônica”, destacou Roberto Silva, gerente de Meios Físico e Biótico da Norte Energia.

Para impedir a caça predatória e coleta dos ovos, o que é proibido, exigindo grande esforço do trabalho de fiscalização dos órgãos de governos, profissionais do Ideflor-Bio, em parceria com servidores da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e Secretarias Municipais de Meio Ambiente de Vitória do Xingu e Senador José Porfírio, intensificam as ações de fiscalização nas praias da região.

“As ações de preservação das tartarugas do Xingu, são de suma importância, principalmente no que diz respeito à região amazônica, pois as tartarugas têm um simbolismo cultural. São espécies migratórias e dispersoras de sementes, o que garante que a gente possa ter uma flora sustentável. Então, os programas de proteção que o Ideflor-Bio está elaborando, que é uma ação de proteção para os quelônios do estado do Pará, tem grande relevância para que a gente possa garantir a permanência dessas espécies tão importantes para o nosso ecossistema amazônico”, explica Priscila Fonseca, bióloga do Ideflor-Bio e presidente do Programa Estadual de Conservação de quelônios do Pará.