Publicado em 27 de março de 2025 às 20:53
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (27) a Operação Libertatis 2 visando desarticular uma organização criminosa armada e transnacional, especializada no comércio ilegal de cigarros por meio do domínio de regiões e da imposição de violência e medo.>
A justiça expediu mandados, além da emissão de ordens de bloqueio, sequestro e apreensão de bens, avaliados em cerca de R$ 350 milhões. Dentre eles, há imóveis, veículos de luxo, criptomoedas, dinheiro em espécie e valores depositados em contas bancárias.>
Na ação, foram empregados 200 policiais – com o apoio de uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) - com a finalidade de cumprir 21 mandados de prisão preventiva.>
Desse total, 12 foram executados, sendo um casal preso em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos e um policial militar, na sede do 22º Batalhão da Polícia Militar, na Maré, onde era lotado. Outro homem foi preso na cidade de Serra, no Espírito Santo; um em Magé (RJ) e outro em Nova Friburgo, além de seis em bairros do Rio.>
Um dos alvos da ação é o contraventor Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho. Ele é conhecido por ser um dos principais integrantes da chamada “nova cúpula da contravenção” e é apontado como um dos responsáveis por uma máfia de cigarros ilegais no Rio de Janeiro. Também é envolvido na exploração de máquinas caça-níqueis e venda de cigarros clandestinos do Paraguai, que têm a comercialização proibida no Brasil.>
Desde o ano passado, Adilson é o patrono da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, mas não pôde comparecer ao desfile das escolas do Grupo Especial deste ano por estar com a prisão preventiva decretada pela justiça, acusado de ser o mandante de duas mortes ligadas à contravenção. Ele também não pode ir aos ensaios da escola por conta da decisão judicial.>
Envolvimento>
Foram expedidos também 26 mandados de busca e apreensão e 12 mandados de medida cautelar diversa da prisão, incluindo a suspensão das funções de um policial rodoviário federal, que teria envolvimento com a quadrilha.>
A investigação teve início em fevereiro de 2023, em decorrência da descoberta de três fábricas clandestinas de cigarros falsos e do resgate de inúmeros trabalhadores paraguaios submetidos a regime análogo à escravidão, no âmbito da Operação Libertatis, deflagrada pela PF, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.>
A PF informou também que “o grupo criminoso adulterava e comercializava os cigarros que produzia com o emprego de embalagens falsas, trabalho análogo à escravidão, tráfico de pessoas e imposição de violência e terror para que comerciantes de regiões dominadas pela organização fossem obrigados a adquirir o produto contrafeito e revender apenas o cigarro fornecido pelo grupo investigado”.>
Em outra operação deflagrada pela Polícia Federal, a Smoke Free, essa mesma organização criminosa contava com uma célula de serviço paralelo de segurança, coordenada por um policial federal e integrada por policiais militares e bombeiros, que também atuavam em outros serviços ilegais de acordo com os interesses do grupo.>
Além disso, integrantes de uma outra célula da organização criminosa eram os responsáveis pelo fornecimento de insumos, maquinários e mão de obra escrava oriunda do Paraguai. Eles eram empregados na produção clandestina dos cigarros no estado do Rio e em outros estados. Essa célula do grupo era administrada por uma mulher que possuía um serviço de segurança particular por parte de um policial militar.>
Já um outro núcleo do grupo criminoso era integrado por pessoas responsáveis pelo acompanhamento dos veículos que transportavam a mercadoria ilegal, a qual era fornecida da Baixada Fluminense para comerciantes de outros estados. Um desses integrantes era um policial rodoviário federal que tinha a função de assegurar a entrega segura da carga.>
Em nota, a Polícia Federal informou que “o montante obtido com o lucro dos delitos praticados era posteriormente submetido a lavagem de dinheiro, com a consequente remessa de altas cifras ao exterior de forma irregular.”>
Crimes>
Os investigados poderão responder pela prática de crimes como organização criminosa; tráfico de pessoas; crime contra a saúde pública; fraude no comércio; sonegação por falta de fornecimento de nota fiscal; crime contra a relação de consumo; falsificação e uso de documento falso; violação de direito autoral; lavagem de dinheiro; e evasão de divisas.>
A investigação é resultado de um trabalho integrado entre a Polícia Federal, Ministério Público Federal e o Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos - órgão da Secretaria de Polícia Civil e da Secretaria Nacional de Segurança Pública, e contou também com apoio da Receita Federal.>