Publicado em 26 de março de 2025 às 16:08
A saúde mental no ambiente de trabalho passou a ser uma prioridade nas empresas, especialmente após a recente atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que exige ações específicas para enfrentar o estresse, o assédio e a sobrecarga psicológica. A alteração exige que, a partir de 26 de maio de 2025, as organizações adotem medidas claras e eficazes para identificar e combater esses problemas, incluindo a saúde mental como um risco ocupacional oficial. >
Este cenário surge em meio a um contexto preocupante, com o Brasil sendo o país mais afetado pela ansiedade e o segundo em casos de depressão, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa realidade tem gerado reflexos diretos nas empresas, como indica um estudo da International Stress Management Association (ISMA-BR), que aponta que 72% dos trabalhadores brasileiros sofrem com estresse ocupacional. >
“Ambientes de trabalho altamente estressantes aumentam os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, que pode afetar o funcionamento cerebral. Isso prejudica a memória, a capacidade de resolver problemas e a regulação emocional dos indivíduos. Se não tratado, esse cenário pode levar ao desenvolvimento de transtornos psicológicos mais graves”, explica a neuropsicóloga Carla Salcedo, especialista em desenvolvimento cognitivo e comportamento organizacional. >
A psicóloga Dra. Cristiane Pertusi, especialista em EMDR (técnica de psicoterapia que ajuda a reprocessar memórias traumáticas) e traumas, diz que a saúde mental dos trabalhadores precisa ser tratada de maneira preventiva, evitando que situações de desgaste evoluam para transtornos psicológicos graves. >
“As empresas devem investir em um ambiente organizacional que promova o bem-estar emocional, proporcionando espaços para escuta ativa, feedbacks construtivos e um clima de respeito entre as equipes. Pequenas mudanças, como incentivar pausas e flexibilizar a rotina, já trazem impactos positivos”, afirma a profissional. >
Ela também ressalta que a saúde mental não deve ser encarada apenas como um fator de produtividade, mas como uma questão essencial para a qualidade de vida dos colaboradores.“Funcionários que se sentem emocionalmente seguros trabalham melhor, se relacionam de forma mais saudável e contribuem para um ambiente organizacional mais equilibrado”, enfatiza. >
As diretrizes da NR-1 impõem a obrigatoriedade de a saúde mental ser avaliada como parte dos riscos ocupacionais e abrem um novo capítulo na gestão de pessoas dentro das empresas. Segundo as profissionais de saúde mental Carla Salcedo e Cristiane Pertusi, algumas medidas podem fazer a diferença para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo: >
“Investir na saúde mental é uma obrigação legal, além de ser uma estratégia inteligente de retenção de talentos. Empresas que priorizam o bem-estar dos seus colaboradores reduzem significativamente os índices de turnover e absenteísmo, além de fortalecerem sua reputação no mercado”, explica Carla Salcedo. >
A Dra. Cristiane Pertusi reforça que o bem-estar mental dos colaboradoreséum fator estratégico para o crescimento de qualquer empresa.“Promover um ambiente de trabalho equilibrado não sóreduz riscos ocupacionais, como também fortalece a identidade corporativa e melhora a produtividade a longo prazo. O EMDR pode ser um grande aliado nesse processo. A terapia ajuda a ressignificar experiências traumáticas relacionadas ao ambiente de trabalho, permitindo que o indivíduo elabore o estresse e retome seu equilíbrio emocional de forma eficaz”, finaliza. >
Por Taís Lopes >