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Publicado em 26 de abril de 2025 às 16:34
Metade dos suplementos de creatina do mercado não tem creatina. Esse dado foi apresentado por Marcelo Bella, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri), nesta quarta (23). As falhas de fiscalização em suplementos alimentares foram tema de audiência conjunta nas comissões de Ciência e Tecnologia e de Fiscalização e Controle.>
No debate, também foi destacada a importância de atualizações de leis, assim como do fortalecimento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que, também, nesta quarta-feira (23), seis meses após a divulgação de uma análise de creatinas vendidas no mercado brasileiro realizada pelo setor, publicou os resultados de uma avaliação de 41 suplementos de 29 empresas em relação ao teor, rotulagem e presença de matérias estranhas em produtos coletados em cinco estados.>
Ao contrário do teste que reprovou 18 marcas, a análise da agência apontou apenas uma marca com erro no teor de creatina, mas não divulgou o nome pelo fato de ela estar em “processo administrativo e de apuração” no momento. O principal problema foi em relação aos rótulos: dos 41, 40 tinham algum tipo de incorreção. Veja a lista de produtos avaliados mais abaixo.>
A Anvisa selecionou creatinas vendidas em embalagens de 300 gramas, considerada a mais comum no mercado, no segundo semestre do ano passado nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo.>
Segundo a agência, as amostras foram coletadas três vezes pelas vigilâncias sanitárias locais, um rito de análise fiscal realizado para garantir a reprodutibilidade dos resultados. O laboratório do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizou a avaliação.>
Teor de creatina>
Um dos pontos que mais preocupam os consumidores é o teor de creatina. Segundo a agência, a regra é de que o teor “não pode ter variação maior que 20% em relação ao declarado na rotulagem nutricional”. Além disso, deve seguir o valor de referência de 3.000 mg.>
No geral, os produtos estavam com o percentual dentro do previsto e sem oscilações que se enquadrassem em infração sanitária. Uma marca estava com nível abaixo, mas o índice não foi informado. Sobre a presença de matérias estranhas, todas tiveram resultados satisfatórios.>
A Anvisa comentou ainda as disparidades em relação aos levantamentos do setor. “A diferença entre os resultados pode indicar uma autorregulação do mercado entre as análises feitas no período de 2022 a 2024. Ou seja, alguns fabricantes podem ter ajustado seus processos produtivos após os resultados iniciais divulgados pelo setor produtivo.”>
Problemas na rotulagem>
O principal problema das creatinas vendidas no Brasil diz respeito aos rótulos. Apenas o produto Creatine Monohydrate – 100% pure, da marca Atlhetica Nutrition foi aprovado no teste de rotulagem e em todas as demais avaliações.>
“De acordo com a regulamentação de suplementos, esses produtos devem atender a requisitos específicos de rotulagem, que são importantes para a correta orientação do consumidor”, explica a Anvisa. Embora as falhas não levem a riscos à saúde, as incorreções podem gerar ações de notificação às empresas fabricantes.>
Os principais erros encontrados foram:>
* Apresentação de alegações não previstas, ou seja, o rótulo atribuía ao produto propriedades que não são autorizadas para a creatina, inclusive com alegações incorretas em língua estrangeira>
* Uso de palavras ou imagens que podem induzir o consumidor a uma informação incorreta ou insuficiente sobre o produto>
* Tabela de informação nutricional fora do padrão e não declarada no mesmo painel da lista de ingredientes>
* Frequência de consumo não declarada>
* Número de porções da embalagem não declaradas na tabela de informação nutricional>
* Tabela nutricional sem as quantidades de açúcares totais e açúcares adicionados>
NOTA DA ASSOCIAÇÃO>
Em nota, a Associação Brasileira de Suplementos Alimentares (Brasnutri) classificou a análise da Anvisa como uma “iniciativa de extrema importância para garantir informações seguras e confiáveis para os consumidores, por se tratar de uma avaliação oficial, conduzida por um órgão competente e que segue todos os parâmetros técnicos reconhecidos nacionalmente”.>
Sobre os problemas relacionados aos rótulos, a entidade informou que vai dar suporte técnico para que as empresas se adequem aos padrões. Destacou ainda “que as características são pontuais e não apresentam prejuízos ou riscos à saúde dos consumidores”.>