Brasil intensifica esforços para eliminar a malária como problema de saúde pública

Com 99% dos casos no Brasil concentrados na região amazônica, novas estratégias incluem a incorporação de medicamentos inovadores para melhorar o combate e adesão ao tratamento.

Publicado em 8 de novembro de 2024 às 14:11

(Brasil intensifica esforços para eliminar a malária como problema de saúde pública)
(Brasil intensifica esforços para eliminar a malária como problema de saúde pública) Crédito: Arquivo/Prefeitura de Caraguatatuba

A malária permanece um desafio significativo de saúde pública no Brasil, especialmente na região amazônica, que concentra 99% dos casos autóctones da doença. Em 2022, o país registrou 129.191 casos de malária, com 50 óbitos. Dados preliminares de 2023 indicam um aumento de 12,2% nos casos nos dois primeiros meses, totalizando 21.273 ocorrências.

O Ministério da Saúde estabeleceu a meta de eliminar a malária como problema de saúde pública até 2035. Uma das estratégias adotadas é a incorporação da tafenoquina ao Sistema Único de Saúde (SUS), feita em junho de 2023. A tafenoquina é uma medicação antimalárica administrada em dose única, facilitando a adesão ao tratamento e reduzindo as recaídas da malária causada pelo Plasmodium vivax.

Perspectivas

Durante o simpósio promovido pela Medicines for Malaria Venture (MMV) na Reunião Nacional de Pesquisa em Malária de 2024, que está sendo realizado Belém de 6 a 9 de novembro, especialistas discutiram os avanços e desafios na implementação da tafenoquina.

Alexandre Vargas, coordenador do Programa Nacional de Controle de Malária, destacou que o tratamento em dose única tem sido fundamental para alcançar populações em áreas remotas, melhorando a eficácia do combate à doença. Dhelio Pereira, do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (CEPEM), ressaltou que a aceitação da tafenoquina entre os pacientes tem sido positiva, especialmente devido à redução dos efeitos colaterais em comparação com tratamentos anteriores. Ele observou que a simplicidade do regime de dose única contribui para uma maior adesão ao tratamento.

Elodie Jambert, Diretora de Acesso da MMV, enfatizou a importância de uma abordagem integrada para alcançar a meta de eliminação até 2035. Ela mencionou o desenvolvimento de novas terapias preventivas de longa duração, com potencial de proteção de até seis meses, como uma estratégia promissora para o futuro.

A eliminação da malária no Brasil até 2035 requer esforços coordenados, incluindo o fortalecimento da vigilância epidemiológica, capacitação de profissionais de saúde e colaboração internacional, especialmente em áreas de fronteira. A introdução de tratamentos inovadores, como a tafenoquina, representa um avanço significativo nessa jornada, mas a continuidade e ampliação das estratégias de controle são essenciais para alcançar a meta estabelecida.