Burnout: entra em vigor no Brasil a nova classificação da OMS

A CID-11 entrou em vigor em 1º de janeiro, oferecendo um diagnóstico mais claro e preciso sobre a síndrome que afeta os trabalhadores.

Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 16:11

Burnout: entra em vigor no Brasil a nova classificação da OMS
Burnout: entra em vigor no Brasil a nova classificação da OMS Crédito: Reprodução/Freepik

O burnout foi reconhecido como uma doença ocupacional na nova Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2022.

A partir de 1º de janeiro deste ano, o código passou a ser aplicado aos pacientes brasileiros que lidam com a condição marcada por esgotamento físico e mental, mudanças de humor, insônia, sentimentos de fracasso, dores musculares e de cabeça, mudanças nos batimentos cardíacos e outros sintomas ligados ao trabalho.

Os empregados diagnosticados com a condição receberão a inclusão do código QD85 da CID-11 no atestado médico, um método mais claro e exato de categorizar a condição que prejudica não apenas as habilidades profissionais, mas também as relações interpessoais e a saúde mental dos pacientes.

Conforme Marcos Mendanha, especialista em medicina do trabalho e diretor da faculdade Cenbrap, essa é a principal diferença da nova categorização. Por exemplo, os sinais de burnout podem ser facilmente confundidos com outras condições, como a depressão. Com a atualização, essa situação não se repetirá: existe uma maior especificidade", explica.

Segundo Mendanha, a existência do código pode levar as empresas a criar estratégias para prevenir que os funcionários atinjam esse estágio de exaustão, com ações para atenuar possíveis aspectos que afetam a saúde deles.

"Como um fenômeno laboral, as empresas precisam garantir um ambiente de trabalho o mais salutar possível, sob o risco de serem responsabilizadas pelo esgotamento dos seus colaboradores."

Apesar de ter entrado em vigor em 2022, a CID-11 precisou ser traduzida para o português pelo Ministério da Saúde, revisada e validada por especialistas nas áreas de classificação, de acordo com um relatório do Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgado na época da apresentação do documento pela OMS.

A nova categorização possui 55 mil códigos e, além do burnout, abrange condições como o transtorno provocado por jogos eletrônicos e a resistência a antibióticos, um problema que é alvo de campanhas contra a utilização desmedida de antibióticos.