Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 10:49
A posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, acontece nesta segunda-feira (20), e já deve trazer uma série de medidas que o republicano vai adotar em seu segundo mandato.
Além dos discursos e do cerimonial de troca da Presidência, o dia também terá os primeiros decretos presidenciais, que prometem mudanças relevantes de política econômica dos EUA, e que afeta muitos países, incluindo o Brasil.
Trump retorna à Casa Branca com um discurso protecionista, favorecendo a atividade doméstica e limitando a concorrência estrangeira. Embora setores importantes da economia norte-americana possam se fortalecer, há uma clara pressão inflacionária.
O presidente promete mudanças nas políticas de imigração, no setor de energia e nas relações comerciais da maior economia do mundo. Trump espera um aumento de produtividade das empresas, mas há o risco de aumento nos preços pela redução da mão de obra ou pelo efeito de muitas taxas contra concorrentes de fora.
Sendo esse o cenário, o Federal Reserve (Fed) terá mais dificuldade de controlar a inflação e poderá ser obrigado a interromper o ciclo de queda das taxas de juros por lá, ou até mesmo aumentá-las.
E juros mais altos nos EUA aumentam a rentabilidade dos títulos públicos do país, considerados os mais seguros do mundo. Com o fluxo de dinheiro voltado para lá, o dólar se valoriza frente a outras moedas.
No Brasil
Para o Brasil, um real mais fraco significa inflação mais alta. Com juros elevados no exterior, o Banco Central (BC) pode precisar subir a taxa básica de juros brasileira (ou mantê-la alta) para evitar a saída de investidores do país.
Por fim, há mudanças importantes no comércio exterior, já que os EUA são o nosso segundo maior parceiro comercial.
De maneira geral, as medidas econômicas previstas para o mandato do republicano têm caráter inflacionário e devem causar uma série de efeitos por aqui, principalmente em termos de preços e juros.
Entre aquelas de maior impacto estão o aumento de tarifas para produtos importados, a redução de impostos domésticos, o apoio à indústria norte-americana e a oposição a incentivos para a transição energética.
- Tarifaço e apoio à indústria norte-americana
Parte dos efeitos, segundo especialistas, viria principalmente das medidas que envolvem as relações comerciais entre o Brasil e os EUA, com impactos diretos e indiretos na inflação e na indústria brasileira.
A intenção de Trump, de aumentar as tarifas para produtos importados, pode atingir os exportadores brasileiros. A proposta inicial é impor uma alíquota de 10% a 20% sobre todas as importações, o que afetaria todos os parceiros comerciais dos EUA.
Em dezembro, durante sua primeira coletiva de imprensa após a vitória nas eleições de 2024, Trump ameaçou cobrar do Brasil “a mesma coisa” que o país cobra, afirmando que o valor era muito alto.
- Cortes de impostos domésticos
Outro ponto de atenção, segundo especialistas, é a promessa de Trump de reduzir ou limitar os impostos domésticos para incentivar a indústria e a atividade econômica nos EUA.
Esse cenário pode reduzir a arrecadação do país e, dependendo de como for implementado, gerar novas preocupações no mercado financeiro sobre a capacidade de os EUA de cumprir com o pagamento de sua dívida.
Na prática, isso pode levar os investidores a exigir um prêmio maior (em suma, juros mais altos) e pressionar o Federal Reserve (Fed) voltar a aumentar as taxas americanas. Os países emergentes, como o Brasil, ficam menos atrativos, o que pode ser mais um gatilho de saída de dólares do país.
- Mudanças no mercado de energia
Por fim, outra medida preocupante é o fim das restrições para o mercado de petróleo, gás natural e carvão, além do aumento da produção de energia em todas as fontes, incluindo a nuclear.
Por outro lado, há preocupações sobre possíveis alterações nas políticas comerciais, como o aumento de tarifas sobre importados, e uma menor colaboração internacional.
Segundo Rezende, da UFMG, o governo Trump pode dificultar mecanismos internacionais de transição energética, como o mercado de carbono.
Com informações do G1