Estudo aponta que escrever à mão ajuda no aprendizado

Atualmente, escrever com papel e caneta pode parecer cada vez fora do comum, mas o “antigo método” ainda traz vantagens.

Publicado em 8 de abril de 2025 às 08:18

Atualmente, escrever com papel e caneta pode parecer cada vez fora do comum, mas o “antigo método” ainda traz vantagens. 
Atualmente, escrever com papel e caneta pode parecer cada vez fora do comum, mas o “antigo método” ainda traz vantagens.  Crédito: Reprodução

Você já se frustrou por não conseguir entender a própria caligrafia? A triste verdade: estamos esquecendo como escrever à mão. 

O Estudo sobre o desenvolvimento, os problemas e as intervenções na questão da caligrafia (STEP 2022) aponta que cada vez mais crianças estão tendo dificuldades para escrever de forma rápida e legível. Os lockdowns e a prática de ensino domiciliar durante a pandemia do coronavírus só pioraram a situação.

Nestes tempos virtuais, é com que nos limitamos a digitar em computadores e smartphones e, quando muito, fazemos uma lista de compras ou poucas outras anotações à mão. Raramente, ou com certa relutância, nos comunicamos por meio de canetas e papel, enquanto a comunicação por e-mails, mensagens de texto ou, sobretudo entre os mais jovens, por mensagens de voz virou a regra.

Em plena era digital, agora nos parece extremamente tedioso escrever um texto mais longo à mão. Para que um cartão de aniversário ou uma carta sejam escritos de forma particularmente bela, é necessário dedicar toda nossa concentração.

Caligrafia precisa ser aprendida

Desde crianças, aprendemos a escrever à mão da forma mais correta e ordenada possível. Embora todas as crianças aprendam as mesmas letras, a escrita de cada um é sempre muito particular.

Durante a adolescência e o início da fase adulta, nossa caligrafia costuma mudar significativamente, mas depois disso ela permanece praticamente a mesma para a maioria das pessoas – cada um desenvolve uma caligrafia única.

Mas sem prática e controle, a caligrafia só tende a piorar. Problemas de caligrafia são há muito um problema da sociedade como um todo, e não apenas dos estudantes, como muitas vezes se supõe. A caligrafia correta e legível, afinal, passa por uma verificação na escola.

Escrever à mão ajuda no raciocínio e no aprendizado

Digitar em um teclado é imbatível, especialmente para textos mais longos, pois a estrutura do texto pode ser alterada conforme desejado. A correção automática também elimina erros banais, tornando a escrita mais rápida, mais legível e menos cansativa.

A escrita à mão, por outro lado, desafia o cérebro mais do que a digitação e, portanto, também promove o aprendizado. Um estudo norueguês de 2024 descobriu que escrever à mão resulta em aumento da atividade cerebral precisamente nas regiões cerebrais importantes para o aprendizado.

Uma interação mais forte foi mensurável nas áreas do cérebro responsáveis ​​pelo desempenho da memória e pelo processamento de informações motoras e visuais.

Além disso, ao escrever, o cérebro compara a escrita resultante com modelos aprendidos das letras e palavras e ajusta a posição dos dedos em tempo real. Olhos e cérebro monitoram constantemente se os dedos estão segurando a caneta corretamente, aplicando a quantidade certa de pressão, e se claras linhas são criadas ao escrever. Isso requer uma coordenação muito precisa entre os processos visuais e motores. É essa combinação de informação visual e processamento de informação que promove o aprendizado, diz o estudo.

De fato, a escrita à mão é mais lenta do que a digitação, mas isso não é necessariamente uma desvantagem. A lentidão natural nos obriga a processar informações de forma mais intensiva.

Resumimos o que ouvimos ou pensamos com mais clareza, destacamos palavras-chave ou citações concisas, às vezes usamos setas ou marcadores para estabelecer conexões e, geralmente, nos envolvemos mais intensamente com o conteúdo, retendo-o em nossa memória por mais tempo.

Com informações do Metrópoles