Hoje é dia de Iemanjá: cientista paraense explica sincretismo e características da Orixá

Festa de Iemanjá acontece neste domingo em diversas cidades do país. No Pará, a celebração é dia 8 de dezembro pelo sincretismo religioso com Nossa Senhora da Conceição.

Publicado em 2 de fevereiro de 2025 às 09:54

No Pará, a comemoração é dia 8 de dezembro pelo sincretismo religioso com Nossa Senhora da Conceição.
No Pará, a comemoração é dia 8 de dezembro pelo sincretismo religioso com Nossa Senhora da Conceição. Crédito: Agência Brasil

Hoje, dia 2 de fevereiro, é a celebração afro-brasileira que saúda Iemanjá, a conhecida Rainha do Mar, em diversas cidades brasileiras. Patrimônio cultural imaterial de Salvador, Belo Horizonte e Fortaleza, a festa de Iemanjá completa 103 anos de tradição na capital baiana. Já no Pará, Iemanjá é comemorado dia dia 8 de dezembro, pelo sincretismo religioso com Nossa Senhora da Conceição.

A celebração, típica dos povos tradicionais de terreiro, faz parte do ciclo de festas populares que começa no início de dezembro e só acaba no carnaval. Milhares de turistas são esperados para a procissão marítima que acontece na praia do Rio Vermelho, quando as oferendas são jogadas ao mar, em Salvador.

O redação do Roma News conversou com o historiador e cientista da religião, Márcio Neco, que explicou que Iemanjá é trazida para o Brasil pelos povos Iorubás, que a relacionavam com os rios, a fertilidade e a maternidade. Na África, tem suas origens nas águas doces, mas no Brasil, ela assume as águas salgadas. 

"Iemanjá que é caracterizada por ser dos rios, da feminilidade, da maternidade, da continuidade da vida, vai chegar ao Brasil e assumir outras crenças, assumindo todo um sincretismo que por vezes vamos associar a Jurema, a Mãe D'água, crenças indígenas", explica o cientista da religião. 

Iemanjá é cultuada tanto na umbanda como no candomblé, considerada como a mãe de quase todos os orixás. Ela é sincretizada no catolicismo como Nossa Senhora do Navegantes, Nossa Senhora de Candeias, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Piedade e Virgem Maria.

Ainda de acordo com Márcio Neco, Iemanjá é a orixá mais popular do Brasil. O historiador lembrou ainda que em Belém, na Av. Augusto Montenegro, há uma estatua que foi construída em um terreno que até causou impacto e gerou críticas de algumas pessoas que não entendem a história e não compreendem as crenças religiosas. 

O devoto paraense Ian Lima, falou da importância da Orixá em seu cotidiano. Para ele, é um dia em que ele tira para fazer todas as orações e se conectar com Iemanjá. 

"Como ela é uma orixá que guia meus caminhos, me dá força, que não me deixa desistir em momentos difíceis, é um dia importante para lembrar que eu não estou sozinho", afirma Ian.

O devoto lembrou ainda que algumas das tradições do Dia de Iemanjá são quando os fiéis e simpatizantes pulam sete ondinhas, acendem velas (azuis e vários tons) e lançam flores brancas ao mar como presentes para a Rainha do Mar.