Publicado em 10 de abril de 2025 às 09:31
O nascimento de um filho muda toda a dinâmica da casa. Os cuidados com o bebê tomam tempo, e é comum que ele passe mais tempo na cama dos pais do que no próprio berço. Para tentar estabelecer o vínculo amoroso, muitos casais aproveitam quando a criança está dormindo para manter relações sexuais. Mas você sabe o quão prejudicial essa atitude é para os pequenos?
O Roma News conversou com o médico psiquiatra, Dirceu Rigoni, e afirmou que essa é uma dúvida mais comum do que parece, principalmente entre casais que têm filhos pequenos e enfrentam dificuldades com espaço ou privacidade, sendo essa uma realidade de nossa região, principalmente nas famílias com maiores vulnerabilidades sociais, onde muitas pessoas compartilham do mesmo espaço físico (mas não esquecendo que mesmo pessoas de maior poder aquisitivo passam por esse dilema, visto que é praxe dos pais quererem que os filhos compartilhem o quarto e, até mesmo, a cama com o casal). O profissional, no entanto, pede cuidado, pois do ponto de vista da saúde mental infantil, é importante ter atenção.
"A criança, mesmo que muito pequena, está em constante desenvolvimento emocional e cognitivo, desde o nascimento. O ambiente ao seu redor influencia diretamente esse processo. Relações sexuais dos pais na presença de bebês ou crianças pequenas podem, sim, gerar confusão, medo, ansiedade ou até traumas, mesmo que os pais acreditem que a criança esteja dormindo ou que “ainda não entende”", explica Dirceu Rigoni.
Ainda de acordo com o profissional, em crianças um pouco maiores, como as que já começaram a desenvolver linguagem, por exemplo, a situação pode ser ainda mais delicada, pois é nesta fase que a criança está formando suas referências sobre afeto, corpo, intimidade e segurança. Presenciar sons, movimentos ou imagens que ela não consegue compreender pode gerar um sentimento de insegurança, de invasão, e até mesmo fantasias que provocam angústia e afetam seu comportamento.
O médico ressalta ainda que ato sexual pode muitas vezes parecer para uma criança como uma forma de agressão entre o casal, pois ela não compreende, dependendo da idade, o que exatamente está acontecendo na situação (com proporções maiores ou menores de acordo com a discrição do ato sexual realizado).
Diante desta problemática, o especialista destaca os possíveis prejuízos causados em bebês/crianças, entre eles:
Distúrbios do sono
Ansiedade ou medo sem causa aparente
Comportamentos sexualizados precoces
Problemas na formação da autoestima e da noção de segurança
Dificuldades futuras em lidar com temas de sexualidade e intimidade
O médico psiquiatra finalizado afirmando que é importante que os pais saibam que a sexualidade do casal é saudável e fundamental, mas deve ser vivida com privacidade e respeito ao espaço psíquico da criança.
"Mesmo com a criança em um sono profundo, sem risco de acordar, é difícil e arriscado em fazer o ato, o que não é minha recomendação. O ideal é buscar outros momentos e locais para garantir que esse limite seja preservado", recomenda o profissional.