Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 13:48
A Polícia Federal concluiu o inquérito da Operação 18 Minutos, que investigou um esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. O relatório final do documento tinha 174 páginas e foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). No total, 23 pessoas foram indiciadas, entre elas, 3 desembargadores, 2 juízes, 7 advogados e diversos servidores da Corte.>
Entre os indiciados estão os desembargadores Nelma Celeste Souza Silva Sarney Costa, que é cunhada do ex-presidente José Sarney, Antônio Pacheco Guerreiro Junior e Luiz Gonzaga Almeida, além dos juízes Alice de Sousa Rocha e Cristiano Simas de Sousa. >
Segundo as investigações, os magistrados estariam envolvidos em um esquema que direcionava decisões judiciais para beneficiar determinados interessados. Além da liberação indevida de alvarás judiciais, que permitiram o levantamento de aproximadamente R$ 18 milhões de reais do Banco do Nordeste para o pagamento de honorários advocatícios. Também foram encontrados processos manipulados e aplicação de cálculos financeiros sem embasamento legal.
>
O relatório apontou que a rede criminosa funcionada com uma estrutura de três frentes: o núcleo judicial, formado por magistrados e auxiliares, o núcleo causídico, composto por advogados que atuavam em parceria com juízes para obter sentenças favoráveis, e o núcleo operacional, responsável por ocultar e movimentar os valores obtidos ilegalmente.>
Para os investigadores, a atuação desses grupos seguiu um modelo organizado e meticuloso, conforme descrito no relatório.>
“A presente investigação identificou a existência de uma organização criminosa formada pelos núcleos judicial, causídico e operacional, em que magistrados, advogados e terceiros atuavam de forma estruturalmente ordenada, com clara divisão de tarefas, com o objetivo de obter vantagens de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais, dentre as quais, corrupção e lavagem de dinheiro.”
>
Além dos magistrados, o ex-deputado Federal Edilázio Júnior também foi indiciado. Segundo a PF, ele teria exercido influência em decisões judiciais favoráveis a determinados interesses.>
Edilázio é genro da desembargadora Nelma Sarney e, quando as investigações vieram a público, negou qualquer envolvimento, classificando as acusações como “ilações e elucubrações que buscam atingir a sua imagem política”.>
Outro ponto destacado no inquérito, foram as movimentações financeiras atípicas. Os investigadores identificaram depósitos de origem não identificada e transferências fracionadas, indícios comuns de lavagem de dinheiro.>
O STJ será responsável por analisar o relatório e decidir sobre as próximas etapas do caso, que pode levar ao oferecimento de denúncias pelo Ministério Público. O caso está sob relatoria do ministro João Otávio de Noronha.>
Veja a lista completa de indiciados:>