Polícia Civil de RJ prende dois envolvidos por falha no protocolo médico

Polícia investiga envolvimento de laboratório no caso de transplantes de órgãos contaminados com HIV, que resultou na infecção de seis pacientes.

Publicado em 14 de outubro de 2024 às 14:42

(Polícia Civil de RJ prende dois envolvidos por falha no protocolo médico)
(Polícia Civil de RJ prende dois envolvidos por falha no protocolo médico) Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, na manhã desta segunda-feira, 14, a “Operação Verum” com o objetivo de prender quatro investigados pelo caso de transplantes de órgãos contaminados com HIV.

Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, seis pessoas que estavam na fila para transplantes foram infectadas pelo vírus após receberem órgãos de dois doadores, resultando em testes positivos para HIV. De acordo com informações da Polícia Civil, dois suspeitos foram presos nesta manhã, sendo um deles Walter Vieira, sócio do PCS Lab Salame, apontado como um dos responsáveis pelos erros médicos que resultaram nas infecções.

Walter Vieira, ginecologista e responsável técnico pelo laboratório, é acusado de ter assinado um dos laudos falsificados, que atestavam erroneamente que os doadores não estavam infectados pelo vírus. Além disso, ele é tio do deputado federal Dr. Luizinho (PP), ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro. Para cumprir os 11 mandados de busca e apreensão, a polícia precisou arrombar as instalações do laboratório.

O segundo preso é Ivanilson Fernandes dos Santos, também acusado de envolvimento na produção dos laudos falsos.

Conforme a Polícia Civil, os investigados estão sendo processados por crimes como: crime contra as relações de consumo, associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e infração sanitária.

Em sua defesa, o laboratório emitiu uma nota oficial: “A defesa de Walter e Mateus Vieira, sócios do PCS Lab Salame, repudia com veemência a acusação de envolvimento em um esquema criminoso para forjar laudos dentro do laboratório, uma empresa que atua no mercado há mais de 50 anos. Ambos prestarão todos os esclarecimentos à Justiça.”

O ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Dr. Luizinho, também se manifestou por meio de nota, lamentando o ocorrido e expressando a expectativa de que os responsáveis sejam punidos: “Conheço o Laboratório Salame há mais de 30 anos, dirigido inicialmente pelo Dr. Montano e, posteriormente, pelo Dr. Walter Vieira (casado com a irmã da minha mãe, Ana Paula) e suas irmãs. Lamento profundamente o ocorrido e desejo que, ao término das investigações, os responsáveis por esses gravíssimos casos de infecção sejam exemplarmente punidos. Durante minha gestão como Secretário de Estado de Saúde, mantive a mesma equipe do Programa Estadual de Transplantes da gestão anterior e jamais participei da contratação deste ou de qualquer outro laboratório. É muito triste, como um dos maiores defensores dos transplantes no país e com minha vida pública marcada pela ampliação desse procedimento no estado, ver casos graves como este. Espero punição aos responsáveis, independentemente de quem sejam.”