Estudo do Instituto Evandro Chagas aponta contaminação de rios e canais de Belém

Pesquisa do Instituto Evandro Chagas identificou vírus, bactérias e metais pesados em rios e canais de Belém, reforçando a necessidade de monitoramento e gestão ambiental.

Publicado em 12 de fevereiro de 2025 às 19:01

Estudo do Instituto Evandro Chagas aponta contaminação de rios e canais de Belém
Estudo do Instituto Evandro Chagas aponta contaminação de rios e canais de Belém Crédito: Marcelo Seabra / Ag.Para

Um estudo piloto conduzido pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA/MS), revelou a presença de vírus, bactérias multirresistentes e metais pesados em rios e canais de Belém. Os resultados foram publicados na edição de maio de 2024 do Journal of Applied Microbiology, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

As coletas foram realizadas em 2020 em oito pontos estratégicos da capital paraense, incluindo os canais da Pedro Miranda (Pedreira), Generalíssimo e Três de Maio (Cremação), Doca (Reduto), Tamandaré (Campina), Mundurucus (Guamá), Bernardo Sayão (Jurunas) e no Rio Tucunduba (Terra Firme). As análises identificaram 473 famílias de bactérias e 83 de vírus, além da presença de metais como cádmio, ferro e manganês. Algumas dessas bactérias e vírus estão associadas a doenças diarreicas agudas e outros riscos à saúde pública.

Os pesquisadores enfatizam que os dados refletem a situação do período das coletas, mas alertam para a necessidade de melhorias na gestão dos recursos hídricos e no monitoramento ambiental. O estudo contou com a participação de 25 especialistas de quatro seções científicas do IEC/SVSA/MS.

Novo projeto amplia monitoramento da qualidade da água

Dando continuidade ao trabalho, o IEC iniciou, em setembro de 2024, um novo estudo para monitorar a presença de vírus em amostras ambientais de Belém. Intitulado "Pesquisa de vírus de interesse em saúde pública em amostras ambientais procedentes da cidade de Belém, Pará", o projeto prevê coletas mensais de água em oito canais da cidade, priorizando áreas de maior densidade populacional.

Os pontos de coleta incluem os canais da Ponte do Galo (Telégrafo), Pirajá (Sacramenta), Tucunduba (Guamá e Terra Firme), Bernardo Sayão (Condor), Quintino (Jurunas) e Estrada Nova (Cremação). Com duração de dois anos, a pesquisa fornecerá dados atualizados sobre a qualidade da água e servirá de base para ações de vigilância epidemiológica e controle da contaminação ambiental nas águas urbanas de Belém.

A continuidade do monitoramento é essencial para subsidiar políticas públicas voltadas à preservação ambiental e à saúde da população, reforçando a necessidade de investimentos em saneamento e medidas de mitigação da poluição hídrica.