'Mago das Unhas' e Noelle Araujo foram presos por lavagem de dinheiro, diz polícia

Além da lavagem de dinheiro, os influenciadores são investigados por indução ao endividamento por meio das platformas digitais de jogos de Azar

Publicado em 17 de abril de 2025 às 15:56

'Mago das Unhas' na esquerda/ Operação da Polícia Civil realiza na casa de um dos envolvidos.
'Mago das Unhas' na esquerda/ Operação da Polícia Civil realiza na casa de um dos envolvidos. Crédito: Reprodução / Divulgação Polícia Civil

Os influenciadores digitais 'Mago das Unhas' e Noelle Araújo, presos preventivamente em uma operação da Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (17), estariam envolvidos em um esquema de movimentação financeira ligado a exploração ilegal de jogos de azar. Segundo a PC, os influenciadores são investigados por associação criminosa, lavagem de dinheiro, crimes contra economia popular e outras fraudes.

A operação desarticulou o esquema que utilizava plataformas digitais, conhecidas popularmente “jogo do tigrinho”. Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e dois mandados de busca e apreensão domiciliar expedidos pela Vara de Inquéritos Policiais e Medidas cautelares de Belém.

“A movimentação bancária destes influenciadores indicava o crime de lavagem de dinheiro, por isso nós passamos meses investigando essas transações financeiras. A partir da comprovação de ilegalidade, nós representamos à Justiça pelos mandados, que foram cumpridos hoje, e culminaram na prisão de dois propagadores dos jogos de azar on-line e na apreensão de celulares, vários objetos de marcas luxuosas e um veículo importado de luxo”, contou o delegado Yan Almeida, titular da DCCCDI.

Esquema criminoso - Os presos são investigados por praticar crimes contra a economia popular e outras fraudes relacionadas à exploração ilegal de cassinos on-line e jogos de azar em plataformas digitais, além de participação em esquema criminoso de lavagem de dinheiro para dissimular a origem ilícita dos bens e valores provenientes do crime. Os alvos da ação policial movimentaram R$ 42 milhões em contas bancárias associadas às práticas criminosas.

Como pagamento pela divulgação dos jogos on-line, os influenciadores recebem das plataformas de jogos alta quantia em dinheiro. Um dos investigados realizou transações financeiras que ultrapassaram R$ 20 milhões - mais de R$ 1,54 milhão em apenas 60 dias. Os investigados tentaram ocultar o fluxo financeiro real por meio de transações fracionadas e utilizando “laranjas”.

Violações - Essa prática, segundo a investigação, revela uma rede estruturada que manipula a percepção pública, utilizando estratégias que envolvem a promessa enganosa de prêmios, levando os consumidores ao erro e violando diretamente os princípios da boa-fé nas relações de consumo e na comunicação digital e comercial.

“Apesar da repercussão de diversos cumprimentos de mandados judiciais anteriores relacionados à ilegalidade dos jogos on-line, muitos influenciadores digitais dão continuidade à prática delitiva, aumentando o volume da divulgação desses ‘joguinhos’, o que aumenta, também, o número de transações ilícitas. Nós conseguimos observar que a exibição constante de padrão de vida dos nossos alvos era incompatível com as atividades e os valores oficialmente declarados por eles, o que reforça indícios de ocultação patrimonial. Essas constatações evidenciam que os investigados mantêm práticas que indicam a continuidade da atividade criminosa, operando de forma recorrente e estruturada”, explicou a delegada Vanessa Lee, diretora da DECCC.

Os presos foram conduzidos à delegacia especializada, onde passaram pelos procedimentos de praxe, e agora estão à disposição da Justiça.

Impacto social - Os jogos de azar on-line, como o “Fortune Tiger”, tornaram-se muito populares, especialmente entre as classes sociais D e E, sendo difundidos rapidamente nas redes sociais, envolvendo principalmente jovens e adultos endividados. O papel dos influenciadores digitais é criar uma atmosfera de "facilidade financeira", atraindo um público mais vulnerável.

Esses influenciadores, que atuam como "embaixadores" das plataformas, são vistos como um veículo direto para atrair um público com promessas de "dinheiro fácil e rápido". O vício em jogos de azar tem consequências desastrosas para a saúde financeira e mental dos indivíduos. Uma pesquisa realizada pelo Serasa, em parceria com o Instituto Opinion Box, revelou que 40,2% dos endividados das classes D e E mencionaram o "jogo do tigrinho" como uma de suas principais apostas. Outros 25% dos endividados nessas classes citam outras modalidades de apostas, como “bolões”, videogames e apostas em entretenimentos.

Já a pesquisa do Instituto DataSenado, divulgada em 1º de agosto de 2024, mostra que homens de até 39 anos, com ensino médio completo, são os principais usuários de aplicativos de apostas esportivas no Brasil. O levantamento, realizado entre 5 e 28 de junho, com mais de 21 mil pessoas, mostrou que 13% dos brasileiros com 16 anos ou mais apostaram nos últimos 30 dias.