Naufrágio no Marajó: veja o momento em que vítimas são resgatadas durante a madrugada

Cerca de 60 pessoas foram salvas após naufrágio da lancha Ana Clara II; algumas crianças estavam em caixas de isopor no momento do resgate

Publicado em 5 de abril de 2025 às 14:33

As vítimas foram alojadas após o incidente.
As vítimas foram alojadas após o incidente. Crédito: Divulgação

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram o momento de tensão e desespero em que as vítimas do naufrágio da embarcação Ana Clara II foram resgatadas com vida, na madrugada deste sábado (5), no Rio Paracauary, entre Soure e Salvaterra, no arquipélago do Marajó. Ao menos 60 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, foram levadas até a praia do Portinho, em Salvaterra, após o acidente.

Durante a operação de resgate, a guarnição militar encontrou um homem com uma criança de aproximadamente 2 anos dentro de uma caixa de isopor, tentando chegar à margem do rio, já bastante exausto. “Graças a Deus conseguimos chegar a tempo de resgatá-los e conduzi-los com segurança até a beirada”, relatou um agente envolvido. Outra criança recém-nascida também foi encontrada em uma caixa de isopor — os pais estavam prestes a se lançar na água quando a equipe de salvamento chegou.

Algumas vítimas, como uma mulher com um bebê de apenas 12 dias e uma criança de 9 anos, foram encaminhadas para o Hospital Municipal Almir Gabriel. A maioria dos passageiros foi levada para a Escola Ademar de Vasconcelos, onde recebeu abrigo, alimentação e assistência médica e psicológica.

Um dos sobreviventes, Fredison Melo, descreveu os momentos de medo. “Já era meia-noite, tudo bem, aí vi quando ele reduziu o motor. Ficamos lá, pedimos apoio para Soure e o pessoal veio nos buscar. Graças a Deus, fomos bem atendidos pelo povo. Ainda não tá melhor porque a lancha ficou lá, mas agora é torcer pra tudo se resolver”, disse.

Moradores da região explicam que o trecho onde o acidente ocorreu é conhecido pelas fortes maresias, o que torna a travessia perigosa, porém mais rápida. A alternativa segura exigiria um trajeto mais longo, passando por Breves e Afuá até chegar a Chaves, o que triplicaria o tempo da viagem.

A Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos de Transportes (Artran) confirmou que a embarcação operava de forma irregular e não tinha autorização para transportar passageiros. A Ana Clara II pertence a Bertina e Dionísio e havia saído de Belém rumo ao município de Chaves.

O comandante da embarcação foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil de Soure para prestar esclarecimentos. A Polícia Civil do Pará afirmou que o caso será investigado e que não há registro de desaparecimentos ou mortes.

Os passageiros devem ser transportados para Belém ainda na tarde deste sábado (5).