O que se sabe após cinco dias do desabamento das sacadas de prédio em Belém

O desabamento das 13 sacadas do edifício Cristo Rei, foi um dos acontecimentos que assustou a população de Belém e deixou um alerta para toda a sociedade, quanto a fiscalização e vistoria de prédios antigos existentes na capital. 

Após cinco dias do desabamento, várias informações já foram divulgadas pelas autoridades, que seguem apurando detalhadamente o que ocasionou a queda das sacadas. Pensando nisso o Portal Roma News entrevistou o engenheiro civil, Almir Magalhães, que esclareceu alguns questionamentos sobre o que pode ter influenciado no incidente e fez uma breve análise sobre o desabamento.

Diante do levantamento inicial feito pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBM-PA), e a divulgação do laudo técnico da Defesa Civil, vários fatores podem ter contribuído para o desabamento e o clima pode ter sido um desses fatores. 

Segundo Almir, devido ao clima variante da região norte, essas mudanças de temperatura podem afetar diretamente as contrução.

'No Pará e Amazonas a gente tem esse clima que varia muito. Sai de uma situação muito quente e úmida para uma com muita água, então o que acontece? A chuva é ácida e se pega em um elemento estrutural que não está impermeabilizado, consegue infiltrar até o ponto de chegar na parte das armaduras, essa interação provavelmente vai agir provocando algum tipo de oxidação', informou o engenheiro.

Ele também falou que devido esse contato outros problemas podem aparecer manifestando patologias nas construções.

'A oxidação pode prover outras patologias, e com isso, acelerar o processo de desgaste. O concreto armado também pode atingir a vida útil, pode ter a florescência de corrosão de armadura, destacamento do concreto, enfim. Dependendo do do elemento estrutural, dependendo da exposição que ele sofreu o clima pode sim influenciar se certas precauções não forem tomadas' afirmou Magalhães.

Segundo o Corpo de Bombeiros, um morador do prédio afirmou que as sacadas não estavam presentes no projeto original e para Almir uma reavaliação estrutura antes da implantação das sacadas seria o passo para a prevenção contra esse incidente.

'Se isso realmente procede, se realmente não havia no projeto original a sacada, teria que ser feito uma reavaliação estrutural ou pelo menos uma readequação para que fosse implementar e implantado isso em um projeto originalmente'.

No momento o engenheiro afirma que ainda é muito prematuro para se dizer de fato o que pode ter ocasionado a queda e mais estudos precisam ser realizados.

 'É um pouco prematuro para sair afirmando qualquer coisa apenas olhando os escombros, não é assim que funciona, isso é um negócio um pouco mais minucioso, para poder se dizer se tem pouco ferro, tem muito ferro, tá certo, tá errado. Exige um pouco mais de estudo isso aí', finaliza o engenheiro.

Laudo da Defesa Civil

No relatório divulgado pela Defesa Civil de Belém, nesta terça-feira, informa que a queda das 13 sacadas no edifício Cristo Rei, no bairro da Cremação, em Belém, ocorreu devido infiltrações e as armaduras que ficaram expostas à água, acarretando corrosão nas ferragens da sacada da cobertura, a qual tem uma piscina.

No laudo, a Defesa Civil também informa a situação estrutural do imóvel. A autorização para o retorno dos moradores cabe ao Corpo de Bombeiros.

A Defesa ressalta que sempre depende do acionamento do Centro Integrado de Operações (Ciop) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup-PA) para poder diligenciar quanto às vistorias técnicas. E destaca também que só pode fazer a averiguação técnica após liberação do local por parte do Corpo de Bombeiros.

Relembre o caso

No último sábado, 13, os moradores do Edifício Cristo Rei, localizado no bairro da Cremação, em Belém, foram surpreendidos com o desabamento das 13 sacadas de uma parte do prédio. A notícia repercutiu não apenas na imprensa local, mas nacionalmente também. Idosos, homens, mulheres e crianças precisaram deixar o edifício para que ele fosse submetido a uma perícia, e evitar quaisquer acidentes maiores no local.

Desde o dia do desabamento, o edifício já passou por vistoria do Corpo de Bombeiros, Crea, Núcleo de Engenharia Aplicada (NEA) e foi aberto inquérito pela Polícia Civil para investigar a causa do desabamento.

Agora, o prédio deve passar por uma vistoria de uma empresa de engenharia, para então, ser verificado as condições das sacadas restantes e da estrutura do prédio. Após essa vistoria os bombeiros vão verificar as condições e se autorizada ou não a liberação do prédio para os moradores.

Segundo o Corpo de Bombeiros, não tem uma data estipulada para a liberação do edifício Cristo Rei.