Publicado em 11 de abril de 2025 às 20:52
O reajuste da tarifa de ônibus em Belém do Pará, que passou a custar R$ 4,60 nesta semana, já começa a pesar no bolso dos moradores da capital e da região metropolitana. Para a maioria dos usuários do transporte coletivo, o aumento representa um impacto direto no orçamento mensal, sobretudo para quem depende do serviço todos os dias para trabalhar, estudar ou acessar serviços essenciais.>
Conforme o economista Everson Costa, do Dieese-Pará, a nova tarifa de ônibus representa 15% de reajuste sobre a tarifa atual e vai impactar em torno de 3% a 14% do salário mínimo de quem mora em Belém e região metropolitana. "O que precisa ser levado em consideração é que, esta nova tarifa vem para 'ajudar a equilibrar o sistema', e isso é importante, pois deve refletir nos custos de combustíveis, de pneus, peças, gasto com o pessoal, então esta tarifa vem para contemplar esta expectativa, já que a classe rodoviária também precisa ter seus salários reajustados".>
Com a nova tarifa de ônibus na capital paraense, quem precisa utilizar duas passagens por dia, apenas nos dias úteis (segunda à sexta) passa a gastar, em média, R$ 202,40 por mês, um aumento de R$ 26,40 em relação à tarifa anterior de R$ 4,00. O valor sobe ainda mais para moradores de municípios como Ananindeua, Marituba ou Benevides, que precisam muitas vezes de duas ou mais conduções para chegar ao destino. Lembrando que o cálculo é feito apenas sobre os dias úteis, mas, muitos trabalhadores fazem escalas de plantão nos finais de semana.>
Ainda sobre o valor, Everson avaliou uma forma de Estado e município auxiliarem neste custo para não pesar tanto no bolso dos usuários. "O outro ponto importante que a gente espera que a gestão possa avançar é que essa passagem de ônibus, mesmo para R$ 4,60, ela ainda continua praticamente sendo quase toda subsidiada pela população. A gente precisa avançar em mecanismos que já são vistos em outras capitais, em outros locais do Brasil da qual o Estado a Prefeitura e quem sabe até o próprio governo federal participa no compartilhamento desse custo, porque quando você pensa no sistema transporte coletivo, ele ganha o sentido mais amplo quando há a participação dessas outras entidades, inclusive financiando e subsidiando esse valor. A ideia é que você possa ter um preço de passagem que seja equilibrado e que caiba no orçamento da cidade e possa também dar vazão para que aquilo que o usuário vai pagar não pese tanto.>
“Eu pego dois ônibus para ir e dois para voltar. Só de passagem estou gastando quase R$ 10 por dia. No fim do mês, mais de R$ 400. E meu salário é de pouco mais de um salário mínimo. Como é que fica?”, questiona Maria Eduarda, que trabalha como auxiliar de serviços gerais, mora em Marituba e trabalha no centro de Belém.>
O reajuste foi autorizado pela Prefeitura de Belém, sob justificativa de necessidade de reequilíbrio financeiro do sistema. O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém (Setransbel) alega aumento nos custos operacionais, como combustível, peças e folha de pagamento.>
No entanto, para os usuários, a qualidade do serviço continua sendo um dos principais pontos de insatisfação. “O preço aumenta, mas o serviço continua o mesmo. Ônibus lotado, sem ar-condicionado e demora nos pontos. A gente paga caro por um transporte que não melhora”, reclama o estudante Pedro Almeida, de 21 anos.>
Além do impacto direto no orçamento das famílias, especialistas alertam para outros efeitos da alta na tarifa. “Reajustes como esse tendem a afetar o comércio e os serviços, porque as pessoas passam a consumir menos. Também pode aumentar o uso de transportes alternativos e informais, que nem sempre são seguros ou regulamentados”, explica a economista Luciana Ferreira.>
Nas redes sociais, o aumento foi amplamente criticado, principalmente por não ter sido acompanhado de medidas que garantam melhorias imediatas no transporte público. Enquanto isso, os passageiros seguem buscando alternativas para tentar driblar o novo peso no bolso.>