Pesquisa diz que Pará é responsável por quase metade dos incêndios florestais na Amazônia

Em toda a região amazônica, o fogo destruiu cerca de dez vezes mais que o desmatamento, segundo o monitor de fogo da rede.

Publicado em 21 de novembro de 2024 às 10:22

O Pará foi responsável por 42% dos incêndios florestais na Amazônia entre janeiro e outubro deste ano.
O Pará foi responsável por 42% dos incêndios florestais na Amazônia entre janeiro e outubro deste ano. Crédito: Agência Brasil

Uma pesquisa realizada pelo Mapbiomas, mostra que o Pará foi responsável por 42% dos incêndios florestais na Amazônia entre janeiro e outubro deste ano. Foram cerca de 2,8 milhões de hectares queimados. Em toda a região amazônica, o fogo destruiu cerca de dez vezes mais que o desmatamento, segundo o monitor de fogo da rede.

O Mapbiomas é uma rede colaborativa de co-criadores formado por ONGs, universidades e empresas de tecnologia organizados por biomas e temas transversais. Os dados foram divulgados em Baku, no Azerbaijão, durante a Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-29, da Organização das Nações Unidas (ONU).

"O dado revela o impacto da emergência climática, que provocou a seca severa, uma vez que o Pará foi um dos estados que mais reduziu o desmatamento no país", afirma Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

A nível nacional no mês de outubro, a cada dez focos de queimada sete foram na Amazônia. No total, foram 6,7 milhões de hectares destruídos. Ou seja, 73% do fogo no país em outubro foi na região. Pelo desmatamento, foram 650 mil hectares nos dez meses do ano, de acordo com o Sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O Mapbiomas aponta, ainda, que 64% de tudo que foi queimado ocorreu em áreas de vegetação nativa - as florestas representaram 45% do que foi destruído pelo fogo. No mesmo período de 2023, os incêndios devastaram 717 mil hectares, ou seja, houve um aumento de 7,5 vezes em apenas um ano, segundo o estudo.

Os dados mostram que:

- Incêndios consumiram 27,6 milhões de hectares em todo o Brasil;

- 55% das queimadas foi na Amazônia (15 milhões de hectares);

- Áreas de pastagens representam 21% da área queimada (5,7 milhões de hectares)

- Na Amazônia o aumento das queimadas foi de 58%.

Os municípios paraenses mais afetados pelas queimadas são:

- São Félix do Xingu

- Altamira

- Novo Progresso

- Ourilândia do Norte

- Cumaru do Norte

- Santana do Araguaia

- Itaituba

- Jacareacanga

- Parauapebas

- Santa Maria das Barreiras

Ministério Público Federal pede providências

O Ministério Público Federal (MPF) voltou na última segunda-feira, 18, a cobrar autoridades para adoção de medidas urgentes o combate às queimadas no estado. No Pará, muitas queimadas possuem suspeitas de ilegalidade e atingem inclusive áreas de proteção ambiental, como Terras Indígenas e territórios de comunidades tradicionais.

O órgão afirma que, apesar das iniciativas anunciadas pelos governos estadual e federal para combater os megaincêndios, como o Plano Estadual de Ações para Estiagem, Queimadas e Incêndios Florestais e o projeto Prevfogo, "a realidade prática revela insuficiência na execução e coordenação das medidas propostas".

Posicionamento do Estado

Sobre as áreas estaduais que sofrem com as queimadas, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informou que, em agosto, o Estado "decretou emergência ambiental, proibindo a utilização de fogo, inclusive para limpeza e manejo de áreas e instituiu o Plano Estadual de Ações de Combate à Estiagem, Queimadas e Incêndios Florestais (PAEINF 2024), ampliando o efetivo militar em 66% e promovendo medidas para o socorro, resgate e salvamento, combate a incêndios, recuperação de serviços essenciais, assistência e logística humanitária".

A Semas disse, também, que "agentes do Corpo de Bombeiros Militar atuam no combate às queimadas em todo o estado por meio da Operação Fênix, que reforça a atuação do estado em áreas prioritárias".

Ainda segundo a secretaria, "o Pará reduziu o desmatamento em 28,4% em 2024, segundo dados do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), redução de 937 km², resultado direto das ações implementadas pela Força Estadual de Combate ao Desmatamento".