Publicado em 24 de abril de 2025 às 17:14
O conceito de “ lifelong learning ”, aprendizado ao longo da vida, surgiu décadas atrás como uma necessidade diante da longevidade crescente da população e da rápida evolução tecnológica, e tem se tornado cada vez mais fundamental em um mundo em constante transformação. >
O relatório do professor francês Jacques Dolors, que foi apresentado à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), considera o lifelong learning uma das chaves de acesso ao século XXI e defende que o conceito tem quatro pilares essenciais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Thais Requito, especialista em desenvolvimento humano, produtividade sustentável e fundadora da ReskillLab, consultoria que oferece treinamentos, mentorias e experiências para empresas que querem evoluir sua cultura, diz que, conforme a tecnologia assume funções antes desempenhadas por seres humanos, especialmente nas áreas operacionais, surgem lacunas de habilidades que precisam ser preenchidas para os profissionais continuarem relevantes no mercado de trabalho . “Acredito que, em um mundo onde as profissões têm se transformado constantemente, o aprendizado contínuo se tornou essencial não apenas para que as pessoas consigam se adaptar às mudanças, mas também para garantir que todos tenham a oportunidade de evoluir nas suas trajetórias profissionais, independentemente do ponto de partida. Vejo que a capacidade de aprender ao longo da vida é mais do que uma tendência atual: é, definitivamente, uma necessidade estratégica para o futuro”, analisa. Abaixo, Thais Requito lista 5 dicas práticas para integrar o aprendizado contínuo na sua rotina. Confira! >
A principal barreira que as empresas enfrentam para incentivar o aprendizado contínuo é a falta de uma cultura voltada para isso. “Ao invés de encarar o aprendizado como uma atividade pontual — como um curso para se adaptar a um novo sistema —, é importante que ele seja incorporado ao dia a dia dos colaboradores. Estimular um ambiente de segurança psicológica, onde os erros são vistos como parte do processo de aprendizado, ajuda a criar um espaço onde a inovação pode florescer”, comenta. >
Uma das principais preocupações com o lifelong learning é o risco de aumentar o estresse e a sensação de culpa por não conseguir “dar conta” de mais uma atividade. “Em relação a isso, acredito fielmente que a chave é focar na qualidade , não na quantidade. Em vez de realizar múltiplos cursos, invista em sessões profundas, que realmente agreguem valor ao seu desenvolvimento. Práticas como shadowing (acompanhar um mentor) ou mentorias mais personalizadas podem ser alternativas eficientes, promovendo um aprendizado contínuo de forma mais natural e leve”, complementa Thais Requito. >
O “aprendizado por ansiedade” — estudar por estudar, sem um propósito claro — pode acabar sendo prejudicial. “Acho que o fundamento disso é o autoconhecimento, a autoconsciência. Ao invés de tentar absorver qualquer conteúdo, os profissionais devem começar a refletir sobre as suas lacunas de conhecimento e direcionar os seus esforços para áreas que realmente vão contribuir para o seu crescimento. Conhecer sobre você mesmo, suas lacunas, interesses e objetivos, direcionam o aprendizado com propósito. Onde você está agora e para onde deseja evoluir?”, diz. >
Evoluir pessoal e profissionalmente não se limita a cursos ou treinamentos formais. “Trocas entre pares, leitura, rodas de conversa e mentorias são formas muito eficazes de adquirir novos conhecimentos. Além disso, a realização de projetos-piloto ou grupos de voluntários dentro da empresa pode proporcionar um aprendizado prático e aplicar diretamente os novos conhecimentos, incentivando um desenvolvimento mais colaborativo”, afirma Thais Requito. >
Cada vez mais, as lideranças desempenham um papel crucial na criação de uma cultura de aprendizado contínuo. “Os líderes que admitem suas próprias vulnerabilidades e compartilham seu próprio processo de aprendizagem inspiram suas equipes a seguir o mesmo caminho. Além disso, ao olhar para os erros dos colaboradores como parte do processo de crescimento, como uma oportunidade de aprendizagem, ao invés de punição, o líder também promove um ambiente mais seguro e aberto para o crescimento profissional de todos os colaboradores”, explica a especialista. >
Em um mundo em que a tecnologia avança com muito mais rapidez do que a nossa própria capacidade evolutiva, aprender continuamente é o que nos mantém relevantes — como profissionais e como seres humanos. >
“ Lifelong learning não é sobre acumular certificados, mas sobre cultivar a curiosidade, o senso de propósito e a coragem de seguir em movimento, mesmo diante das incertezas. O aprendizado contínuo é o combustível para a construção de ambientes de trabalho mais humanos, adaptáveis e criativos”, conclui Thais Requito. >
Por Maria Fernanda Benedet >