Publicado em 5 de abril de 2025 às 12:31
O Brasil pode deixar de exportar 743 milhões de litros de suco de laranja e cerca de 17 toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, após o tarifaço anunciado por Donald Trump nesta semana. O alerta foi feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em nota que a entidade pede que o Brasil adote ‘vias diplomáticas’ para negociar com a Casa Branca.
De acordo com a CNA, o protecionismo de Trump vai afetar não só o Brasil, mas grandes países produtores de produtos agropecuários. A Confederação alertou, ainda, que novas taxas poderão ser impostas por Washington. "Caso o governo dos EUA considere que as medidas anunciadas não sejam eficazes na resolução do déficit comercial geral", disse a entidade.
Com a alíquota geral de 10% sobre os produtos brasileiros, o principal prejudicado será o suco de laranja. O produto já tinha uma taxa de 5,9% e, agora, com a sobretaxa, será submetido a 15,9%. Até 2023, o Brasil exportava cerca de 1 bilhão de litros aos Estados Unidos, mas após o tarifaço o volume deve cair a 261 milhões de litros.
No caso da carne bovina, que já tinha uma cobrança de um imposto de 33%, agora terá um tributo de 43%. O volume de exportação deve cair de 73 mil toneladas a 45 mil toneladas. Outros produtos brasileiros que serão impactados são a cana-de-açúcar, álcool, arroz e feijão.
“Cabe ao governo brasileiro seguir explorando a via negociadora com os EUA para buscar mitigar as tarifas anunciadas e alcançar benefícios mútuos para ambas as nações”, pediu a CNA. A Confederação rechaçou a retaliação neste momento. O Congresso aprovou o PL 2088/2023, que estabelece a Lei da Reciprocidade, e o texto seguiu para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Deve ser utilizado apenas após o esgotamento dos canais diplomáticos, para defender os interesses brasileiros. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) defende o livre comércio por meio de acordos que diversifiquem mercados, aumentem a renda dos produtores e ampliem o acesso de produtos agropecuários ao consumidor”, finalizou a entidade.