Publicado em 8 de abril de 2025 às 18:07
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira, 8, que o Brasil precisa ter prudência ao tomar qualquer medida como reação à política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "A pior coisa que o Brasil pode fazer nesse momento é sair a campo sem a prudência que sempre tivemos", disse Haddad durante participação no 11º Brazil Investment Forum, evento anual do Bradesco BBI, em São Paulo.>
Segundo Haddad, ao eventualmente reagir, o Brasil também precisaria olhar com cuidado a posição do País em relação a outros parceiros comerciais, que importam cada vez mais itens produzidos nacionalmente.>
"Não é hora de ficar anunciado medida, é tentar ver se a poeira baixa, se estabiliza para que possamos começar a nos movimentar, de maneira a nos proteger dessa situação que é muito tensa", explicou Haddad.>
Na avaliação do ministro, a política tarifária de Trump escancara que os EUA não têm olhos para outras nações como rivais comerciais, apenas para China. Segundo Haddad, porém, os problemas norte-americanos não serão resolvidos com tarifas.>
Haddad mencionou que, ao taxar produtos chineses, "é fantasia" acreditar que os EUA passarão a produzir "amanhã" itens que atualmente são importados do pais asiático. "Exige tempo para isso acontecer", frisou. "Sabemos que a economia vai reagindo de acordo com estímulos", complementou.>
Produtos mais baratos para vender>
No evento, Haddad concordou com a avaliação de que o Brasil pode ser menos prejudicado do que outros países pelo "tarifaço" de Trump. O ministro entende que os produtos brasileiros, que receberam a tarifa mínima do governo americano (10%), poderão ficar mais baratos frente aos concorrentes.>
Ele também observou que a guerra comercial pega o Brasil sem dívida externa, com reservas cambiais expressivas e saldo comercial robusto.>
Além disso, acrescentou, os juros estão elevados, o que significa espaço para ação da política monetária se for necessário estimular a economia. Os graus de liberdade para reação do Brasil a choques internacionais, frisou Haddad, não são comuns, em especial na comparação com os vizinhos da América Latina.>
"Relativamente, diante do incêndio, estamos mais perto da porta de saída do que nossos pares", respondeu o ministro ao falar sobre os impactos da política comercial norte-americana.>
Haddad ponderou, no entanto, que as tarifas de Trump contra a China afetam o Brasil de alguma maneira, uma vez que atingem o principal parceiro comercial do País. "Não se consegue escapar de lógica que tem China como alvo sem afetar o resto do mundo", afirmou.>