Publicado em 21 de outubro de 2024 às 18:25
Ao fim, o índice mostrava leve baixa de 0,11%, aos 130.361,56 pontos, em dia de dólar a R$ 5,6904 (-0,15%) no fechamento, tendo chegado na máxima a R$ 5,7351 e operado em boa parte da sessão a R$ 5,70. A curva de juros teve ajuste discreto nesta abertura de semana, mas tanto a curva do DI como o câmbio permanecem pouco favoráveis a maior apetite por ações na B3.>
Nos Estados Unidos, a tarde foi de forte avanço para os rendimentos dos Treasuries - com os dos vencimentos de 10 e 30 anos nos maiores níveis desde julho - e de sinal predominantemente negativo para os principais índices de ações em Nova York. Ao fim, mostravam variação entre -0,80% (Dow Jones) e +0,27% (Nasdaq).>
Assim, o giro financeiro permaneceu acomodado nesta segunda-feira na B3, a R$ 18,3 bilhões, após o vencimento de opções sobre o Ibovespa na última quarta-feira e sobre ações, na sexta, 18. Entre os papéis de maior peso no índice, a direção desta segunda-feira foi determinada por Petrobras (ON -1,83%, PN -1,57%), na contramão dos preços do petróleo na sessão, e pelos grandes bancos, em especial Itaú (PN -0,51%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para Embraer (+4,17%), Vamos (+4,13%) e Magazine Luiza (+2,87%), com Hapvida (-2,93%) e Natura (-1,68%), além de Petrobras, na fila oposta. Vale ON cedeu 0,36%.>
"Dia sem muitas notícias, que deixou dólar e DI um pouco mais de lado, o que se reflete também na Bolsa. Início da temporada de resultados de empresas domésticas ocorre nesta semana, com balanços como os de Vale e Suzano", diz Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos. "No cenário externo, a proximidade das eleições nos Estados Unidos, no começo de novembro, deve trazer um pouco mais de volatilidade", acrescenta Alvarenga, destacando a incerteza sobre quem sairá vitorioso na disputa entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump.>
"A expectativa por cortes moderados na taxa de juros pelo Federal Reserve e a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos têm impulsionado Treasuries e fortalecido o dólar em relação a outras moedas", destaca Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos.>
Outro ponto focal tem sido a atividade na China. "Os dados mais recentes sobre a economia chinesa vieram melhores do que se esperava, o que favorece emergentes como o Brasil", diz Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.>
"Mas o mercado ainda espera por novas medidas de estímulo ao setor imobiliário, ao crédito e ao consumo na China. Há incerteza ainda sobre o espaço fiscal que o governo de lá tem para esse tipo de medida. E para o mercado reagir mais precisará de medidas concretas, como ocorreu no começo do mês", acrescenta a economista da B.Side, referindo-se à percepção atual sobre a economia chinesa como uma espécie de "meio do caminho" em relação à expectativa do mercado.>
No plano doméstico, a recente pressão observada no câmbio começa a produzir efeito nas expectativas de inflação, conforme mostra o boletim Focus desta semana, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.>
"Diante da dinâmica do risco fiscal e da percepção sobre as contas públicas no Brasil, o câmbio deve seguir pressionado, com transmissão disso para os preços do atacado e, por fim, ao consumidor", acrescenta a economista da Veedha, destacando leituras mais fortes observadas nos IGPs, em especial na importante componente de atacado, o IPA, em alta tanto em produtos industriais como nos agropecuários.>
"O quadro é de PIB crescendo acima do potencial, causando pressão inflacionária, com efeito também para as projeções de Selic no ano que vem, que têm sido revisadas para cima apesar da expectativa ainda por corte em 2025 - expectativa por redução de juros que pode vir a se diluir nessa piora das projeções, tendo em vista a tendência para a inflação e o câmbio no País", diz Camila.>
Dólar>
Depois de ter passado a maior parte do pregão com viés de alta, o dólar à vista passou a ceder e registrou nova mínima intradia a R$ 5,6879 minutos antes do fechamento, devido a um movimento de ajuste técnico.>
Ainda assim, a demanda pela divisa americana subiu nesta segunda-feira, 21, entre divisas fortes e a maior parte dos emergentes, com o mercado trabalhando com a possibilidade de um retorno do ex-presidente Donald Trump ao comando dos Estados Unidos e de que o Federal Reserve (Fed) corte o juros a "nível moderado", além de incertezas sobre o crescimento da China. Aqui, a preocupação com as contas públicas do País também segue no radar, bem como uma deterioração das expectativas de inflação>
O dólar à vista fechou em queda de 0,15%, a R$ 5,6904. Às 17h21, o contrato para novembro caía 0,04%, a R$ 5,7040. Já o DXY, que mede o dólar ante uma cesta de rivais fortes, subiu 0,47% (103,982 pontos), após superar 104 pontos pela primeira vez desde agosto na máxima do dia.>
A inversão de sinal da divisa americana em relação ao real poucos minutos antes do fechamento ocorreu por um movimento de realização e ajuste técnico pontual depois de ter ficado na faixa de R$ 5,70 a maior parte do pregão, segundo o economista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho, para quem havia uma expectativa no mercado sobre uma intervenção do Banco Central no câmbio, ainda que a autoridade monetária não tenha dado nenhum sinal neste sentido.>
Na parte da manhã, o dólar à vista tocou máxima intradia de R$ 5,7351 e mesmo durante a tarde a divisa apresentava um viés de alta. Segundo economista-chefe da Equador Investimentos, o mercado trabalha com um aumento de risco geopolítico em eventual retorno de Trump nos Estados Unidos, enquanto indicadores da economia americana na semana passada seguem surpreendendo para cima, indicando que o juro americano não vai cair tão rápido. "Todo esse contexto, de certa forma, fortalece o dólar lá fora", avalia.>
Ele pondera que os problemas domésticos, em especial o entendimento de que a dívida pública tende a crescer apesar da melhora do PIB, também pesaram na cotação do câmbio. Já o consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, André Galhardo, mencionou os riscos inflacionários internos, com o boletim Focus divulgado nesta segunda-feira "mostrando um forte movimento de desancoragem das expectativas para o IPCA de 2024 e 2025".>
Na cena internacional, destaque hoje também à China, onde banco central anunciou um corte de 25 pontos-base nas principais taxas do mercado, fazendo com que a chamada taxa de juros de referência para empréstimos (LPR) de 1 ano seja reduzida de 3,35% para 3,1%, enquanto a de 5 anos passou de 3,85% para 3,6%>
Juros>
Os juros futuros fecharam a sessão em baixa moderada, atribuída a uma correção técnica diante dos prêmios considerados esticados, que colocaram boa parte dos contratos longos perto dos 13% no fim da semana passada. O movimento se deu na contramão da pressão do dólar, dos retornos dos Treasuries e da deterioração das medianas na pesquisa Focus. Apesar dos níveis elevados terem atraído alguns ajustes, a preocupação com o quadro fiscal permanece como fator fundamental a limitar uma melhora consistente das taxas.>
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 12,66%, de 12,72% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 12,92% para 12,83%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 12,88% (de 12,96%).>
Com a agenda esvaziada e num dia sem novidades na seara fiscal, houve espaço para algum ajuste, mas nada que indique tendência para as próximas sessões, a não ser que finalmente haja algo concreto sobre a agenda da revisão de gastos. Mas os players não contam com isso no curto prazo, ao menos antes do segundo turno da eleição, dada a percepção de que o governo espera o desfecho para entrar em ação.>
O Broadcast apurou que a equipe econômica nesta semana vai se concentrar na construção jurídica das propostas a serem levadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O plano é deixar "tudo pronto" para o retorno do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participa entre terça e quinta-feira em Washington das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial. Na sexta, ele volta ao Brasil. A Fazenda quer aproveitar a janela política aberta entre o fim do pleito municipal e a eleição dos novos presidentes no Congresso para avançar na agenda de corte de gastos. Como o tempo no Parlamento é curto até o fim do ano, serão escolhidas propostas "viáveis" de serem aprovadas entre o fim de 2024 e o primeiro semestre de 2025.>
Para o estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, o recuo das taxas pode ser atribuído a fatores técnicos relacionados à gordura da curva, pois se fosse baseado no noticiário ou fundamentos, outros ativos também estariam melhorando. Mas a bolsa esteve em baixa e o dólar, em alta, chegando a até R$ 5,73 nas máximas da manhã - a moeda americana teve uma inversão de sinal nos minutos finais, para fechar em baixa de 0,15%, aos R$ 5,6904.>
"Já tem muita precificação de alta da Selic na curva, acima de 13% no fim do ciclo. Como neste começo de semana não há nada relevante, o mercado aproveita para corrigir antes do desenrolar da agenda", explica o estrategista. O destaque do calendário econômico é o IPCA-15 de outubro na quinta-feira.>
A semana começou com revisões no cenário de inflação e Selic pelo Bradesco e a própria Focus mostrou piora nas estimativas. O banco elevou a previsão de IPCA 2024 de 4,4% para 4,5% e reduziu 2025 de 3,9% para 3,8%, enquanto a estimativa de Selic passou de 11,25% para 11,75% em 2024 e de 10,50% para 10,75% em 2025.>
No boletim Focus, a mediana do IPCA para 2024 chegou ao teto da meta de 4,50%, ante 4,39% na semana passada, e a de 2025 subiu de 3,96% para 3,99%. A projeção suavizada de 12 meses à frente foi de 3,96% para 4,01%.>
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citou, evento da 20-20 Investment Association, em São Paulo, as preocupações com a desancoragem das expectativas e de métricas como as inflações implícitas, reforçando que a autarquia vai perseguir a meta de inflação.>
E disse que as medidas para equalizar as contas públicas são importantes para a política monetária, uma vez que a falta de confiança na política fiscal dificulta o processo de convergência. Para que possa haver juros mais baixos, afirmou, é preciso um choque fiscal positivo. "Isso é muito importante para nós, no BC, para sermos capazes de diminuir os juros de forma sustentável. Porque, no fim, nossa missão é atingir a meta de inflação, e é muito difícil fazer isso quando existe uma percepção de que o fiscal está desancorado", afirmou.>