'Ainda Estou Aqui': Le Monde' diz ter apagado mais de 21 mil comentários de brasileiros

Le Monde, jornal francês que fez crítica negativa a Ainda Estou Aqui, teve seus perfis nas redes sociais invadidos por comentários de brasileiros.

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Estadão Conteúdo

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Publicado em 27 de janeiro de 2025 às 18:45

Venda do livro Ainda Estou Aqui dispara depois de Globo de Ouro de Fernanda Torres.
Venda do livro Ainda Estou Aqui dispara depois de Globo de Ouro de Fernanda Torres. Crédito: Divulgação

Bruno Meyerfeld, correspondente do veículo no Brasil, analisou a situação em sua coluna, Carta de São Paulo, nesta segunda-feira, 27.

O jornalista revelou que o jornal se surpreendeu com o descontentamento dos fãs brasileiros. A crítica de Jacques Mandelbaum chamou o filme de Walter Salles de "hierático" e julgou a atuação de Fernanda Torres como "monocórdica".

"Em dois dias, o jornal teve que apagar cerca de 21.600 comentários [de brasileiros] com conteúdo ofensivo, a maioria do Instagram, em comparação com 700 por dia em tempos normais", afirmou Meyerfeld.

O correspondente do Le Monde descreveu que os comentários oscilavam entre engraçados, machistas e "mal intencionados", mencionando um usuário que comparou franceses a "porcos que nunca tomam banho". Ele ainda disse que alguns brasileiros acreditam que o veículo esteja conspirando a favor de Emilia Pérez, principal concorrente de Ainda Estou Aqui nas premiações cinematográficas.

"Para eles [os brasileiros] é impossível não gostar desse filme melodramático e de estilo consensual, cuja temática ressoa em um Brasil castigado pelo mandato de Jair Bolsonaro", escreveu. O jornalista também disse que a raiva direcionada ao jornal vem do amor dos brasileiros por Fernanda Torres.

Por fim, ele mencionou o roteiro do filme e reconheceu o papel relevante do Le Monde durante a ditadura militar brasileira, época em que veículos internacionais davam espaço à oposição e à resistência ao redor do mundo.

Vale lembrar que outros veículos franceses foram mais elogiosos a Ainda Estou Aqui. O jornal Liberátion disse que "Walter Salles narra com força e emoção o luto impossível que atingiu os Paiva". O Le Figaro classificou o filme como "uma cativante e poderosa narrativa histórica".

A revista especializada em cinema Première, por sua vez, o definiu como "uma obra dilacerante". Outra publicação tradicional, a Cahiers du Cinemà, o chamou de "um filme realizado com sutileza, que reafirma a necessidade da transmissão".

O longa de Walter Salles está indicado a três prêmios no Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, para Fernanda Torres. A cerimônia de premiação acontece no dia 2 de março.