Publicado em 23 de agosto de 2024 às 11:01
Nesta semana, o youtuber Gustavo Tubarão falou sobre sua luta contra o vício em pornografia. Em um vídeo publicado na última terça-feira, 20, o influenciador relata que teve uma recaída. “Estava há quase um ano e meio sem ver. A pornografia é tão viciante quanto a cocaína”, desabafou.
Em seguida, Tubarão pontuou os riscos do consumo de conteúdo adulto. “Eu quero alertar para vocês o tanto que essa merda está me fazendo mal, não só para mim, mas para o meu espírito. O problema é o seguinte: A cocaína tem que pagar e é cara. A pornografia é de graça e todo mundo tem acesso”, disse.
Gustavo Tubarão não é o único famoso que já admitiu algum tipo de dependência em conteúdos adultos. O ator Terry Crews, conhecido por papéis em Todo Mundo Odeia o Chris e Brooklyn Nine-Nine, revelou o vício ao público em 2016. Na época, ele também relatou diversas consequências do hábito, inclusive no seu casamento. Chris Rock, o humorista Russell Brand, e o cantor gospel Kirk Franklin são outros exemplos.
Contrariando expectativas e estereótipos de gênero, o vício também afeta o público feminino. Segundo relatório de consumo divulgado pelo Pornhub, um dos maiores sites do segmento, em 2019 houve um aumento em 39% no acesso de mulheres em sites de conteúdo erótico no Brasil, índice maior que o global, de 32%.
Elas também já usaram a mídia para desabafar sobre o hábito nocivo. Como é o caso da atriz e apresentadora Jada Pinkett Smith, que admitiu ter uma “relação não saudável” com a pornografia, no programa Red Table Talk, da cantora Billie Eilish e da modelo Cara Delevingne.
Impactos do vício
Assim como relatou Terry Crew, a pornografia afeta diretamente a vida das pessoas, em âmbitos além do sexual. No caso do ator, a dependência em conteúdo pornô levou ao divórcio com a Rebbeca King, como ele contou ao podcast Armchair Expert no ano passado.
“O vício em pornografia pode afetar muito a vida afetiva, sexual e os relacionamentos de uma pessoa”, reforça a psicologa. “Ademais, nem todo parceiro sexual estará disposto a realizar algumas cenas, fantasias e posições sexuais ofertadas nos filmes, gerando frustração ou insatisfação sexual nas relações concretas”, detalha Cynthia Dias Pinto Coelho.
Outro ponto é que, como os vídeos adultos são ensaiados e produzidos em estúdio, podem gerar “confusão entre realidade e ficção” na cabeça de quem consome com frequência. “A pessoa pode passar a comparar sua performance ou o seu corpo com os dos atores e, com isso, passar a se sentir insegura ou insuficiente para performar daquela maneira”, explicou a sexóloga.
Já Billie Eilish, que começou a consumir pornografia aos 11 anos, expôs ter dificuldade na vida sexual por conta do alto consumo de conteúdo erótico. “Nas primeiras vezes que e tive relações sexuais, eu não estava dizendo não a coisas que não eram boas. Era porque eu achava que era isso que eu deveria estar atraída,” contou ao programa Howard Stern Show na rádio Sirius XM, em 2021.
Além das comparações, frustrações e baixa autoestima, o vício em pornografia pode, com o tempo, desencadear quadros psicogênicos, como a disfunção erétil, a disfunção ou exacerbação de desejo e a anorgasmia, como é chamada a incapacidade de se chegar ao orgasmo.
O tratamento
O tratamento para o vício em pornografia é similar a qualquer tipo de adicção, apresentando resultados melhores quando combina psicologia e psiquiatria. “A psicoterapia trabalha a ressignificação de conceitos e mudança de hábitos em relação à dependência. Já a medicação bem indicada, conforme cada caso, ajuda a controlar a ansiedade, os pensamentos obsessivos e intrusivos, os comportamentos compulsivos e a impulsividade”, explica a psicóloga.
Com informações do Metrópoles