Publicado em 20 de março de 2025 às 15:48
A Liga do Futebol Brasileiro (Libra) divulgou um manifesto nesta quinta-feira (20), repudiando a declaração do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, que utilizou a expressão “Tarzan sem Chita” ao comentar a possível ausência de clubes brasileiros na Copa Libertadores. A analogia foi considerada de cunho racista e preconceituoso pelos clubes membros da liga.>
O manifesto destaca que a declaração de Domínguez “revisita o evidente preconceito enraizado no ambiente do futebol, reforça estereótipos racistas e perpetua a desumanização de pessoas negras”. Além disso, os clubes ressaltam seu compromisso com a luta contra o racismo e a promoção de um futebol inclusivo e respeitoso, afirmando que não aceitarão calados nenhum tipo de discriminação.>
Assinaram o manifesto os clubes Atlético-MG, Bahia, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo, Vitória, Ferroviária, Paysandu, Remo, Volta Redonda, ABC, Brusque, Guarani e Sampaio Corrêa. O Flamengo, embora membro da Libra, optou por não assinar o documento. O clube justificou sua decisão afirmando que as relações institucionais com a Conmebol devem ser conduzidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidade que representa oficialmente os clubes brasileiros nos torneios sul-americanos.>
A declaração de Domínguez ocorreu na última segunda-feira (17), durante entrevista após o sorteio dos grupos da Libertadores e da Copa Sul-Americana. O presidente da Conmebol utilizou a expressão “Tarzan sem Chita” para ilustrar a importância dos clubes brasileiros nas competições sul-americanas. Após a repercussão negativa, Domínguez pediu desculpas, afirmando que se tratava de uma “frase popular” e que não teve a intenção de menosprezar ou desqualificar ninguém.>
A polêmica ocorre em meio a críticas à Conmebol por sua postura em relação a casos de racismo. Recentemente, o Palmeiras solicitou à FIFA medidas severas contra o racismo após incidentes durante um jogo da Copa Libertadores Sub-20, no qual o jogador Luighi foi alvo de agressões racistas por parte da torcida do Cerro Porteño. A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, sugeriu que os clubes brasileiros considerassem deixar a Conmebol e se filiar à Concacaf, em protesto contra as punições brandas aplicadas pela entidade sul-americana.>
A repercussão das declarações de Domínguez e a reação dos clubes brasileiros evidenciam a necessidade de um debate mais aprofundado sobre o combate ao racismo no futebol sul-americano e a postura das entidades responsáveis em relação a este tema.>