'Catástrofe em escala mundial', diz chefe da ONU ao emitir alerta pela rápida elevação do Oceano Pacífico

Segundo informações da ONU e OMM, o agravamento do aumento do nível do mar é acelerado pelo aquecimento global e pelo derretimento das camadas de gelo.

Publicado em 27 de agosto de 2024 às 08:18

Secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
Secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres. Crédito: Divulgação/ONU

Na noite da última segunda-feira, 26, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, emitiu um alerta mundial pela rápida elevação do Oceano Pacífico. Segundo informações da Agência France-Presse (AFP), durante uma cúpula de ilhas da região que aconteceu em Tonga, Guterres apresentou um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) que revelou que o nível dos mares subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos, em algumas partes do Pacífico.

O relatório divulgado informa que a média mundial de avanço do nível dos mares foi de 9,4 centímetros. Desde a década de 1990, a OMM monitora os mareógrafos, instrumentos que medem os movimentos das marés, instalados nas praias do Pacífico. "Estou em Tonga para emitir um SOS mundial. Salvem nossos mares, do inglês save our seas, sobre a rápida elevação dos níveis do mar. Uma catástrofe em escala mundial está colocando em risco este paraíso do Pacífico", afirmou Guterres.

Segundo informações da ONU e OMM, o agravamento do aumento do nível do mar é acelerado pelo aquecimento global e pelo derretimento das camadas de gelo. As ilhas do Pacífico, pouco povoadas e com pouca indústria pesada, geram menos de 0,02% das emissões globais anuais de CO2. No entanto, o conjunto de ilhas está cada vez mais ameaçado pela elevação do nível dos oceanos. "É cada vez mais evidente que estamos ficando sem tempo para reverter a maré", advertiu a argentina Celeste Saulo, secretária-geral da OMM.

O aumento do nível do mar em alguns locais, como Kiribati e Ilhas Cook, foi similar ou um pouco abaixo da média mundial, mas em outros lugares, como as capitais de Samoa e Fiji, a elevação foi quase o triplo da média, que corresponde a 31 centímetros e 29 centímetros, respectivamente.

Segundo os cientistas que elaboraram o relatório, Tuvalu, um país insular de baixa altitude, poderá desaparecer nos próximos 30 anos, mesmo em um cenário de aquecimento global moderado. "É um desastre atrás do outro, e estamos perdendo a capacidade de reconstruir, de suportar outro ciclone ou outra inundação", disse à AFP Maina Talia, ministro do Clima de Tuvalu. "Não devemos fechar os olhos às mudanças climáticas e ao aumento do mar", insistiu.