Publicado em 16 de abril de 2025 às 10:33
O governo dos Estados Unidos concedeu um visto de entrada à deputada federal brasileira Erika Hilton (PSOL) considerando seu gênero como sendo masculino. Erika é uma das duas primeiras parlamentares trans da Câmara dos Deputados.
>
Em 2023, antes da atual gestão de Donald Trump, ela já havia conseguido um visto semelhante para os EUA, mas com a informação de acordo com sua autodeterminação de gênero como mulher.>
Erika Hilton foi convidada a participar do evento Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, que aconteceu nesta semana em Cambridge. Sua participação foi autorizada pela presidência da Câmara dos Deputados como missão oficial da parlamentar nos EUA.>
Neste tipo de viagem oficial, a Câmara solicita o visto de seus representantes diretamente à embaixada do país a ser visitado. Segundo a equipe da parlamentar, o trâmite, que deveria ser simples e protocolar, foi truncado desde o início, após novas diretrizes do governo americano.>
A equipe teria sido orientada, por telefone, a solicitar um visto de turista. Após novos esclarecimentos, o visto foi concedido reconhecendo o status oficial da viagem.>
No entanto, a emissão do documento no dia 3 de abril veio com a informação de que a deputada seria do sexo masculino. Segundo Erika, em nenhum momento ela preencheu documentação com tal informação.>
Segundo o entendimento da equipe da parlamentar, não há como questionar juridicamente o documento, já que se trata de um ato de soberania do governo americano.>
Erika avalia que o episódio é um problema, também, diplomático. “É absurdo que o ódio que Donald Trump nutre e estimula contra as pessoas trans tenha esbarrado em uma parlamentar brasileira indo fazer uma missão oficial em nome da Câmara dos Deputados.">
“É uma situação de violência, de desrespeito, de abuso, inclusive, do poder, porque viola um documento brasileiro. É uma expressão escancarada, perversa, cruel, do que é a transfobia de Estado praticada pelo governo americano. Quando praticada nos Estados Unidos, ainda pede uma resposta das autoridades e do Poder Judiciário americano. Mas quando invade um outro país, pede também uma resposta diplomática, uma resposta do Itamaraty", afirma.>
Com a situação, a deputada se recusou a utilizar o documento e não foi ao evento para o qual havia sido convidada.>
A decisão da embaixada americana veio em meio a uma série de restrições da gestão Trump a transições de gênero de pessoas trans e banimento de termos como “gay”, “lésbica”, “transgênero” e “LGBTQ” de sites do governo americano.
Com informações do G1>