Washington remove mural ‘Vidas Negras Importam’ em meio a pressão de republicanos

Deputado sugeriu reduzir o financiamento do Governo Federal ao transporte público de Washington a menos que rua fosse renomeada e pintada.

Publicado em 16 de março de 2025 às 18:22

A inscrição “Black Lives Matter”, pintada em uma avenida que leva à Casa Branca, está sendo removida. 
A inscrição “Black Lives Matter”, pintada em uma avenida que leva à Casa Branca, está sendo removida.  Crédito: Reprodução/Redes Sociais

Um dos principais marcos do movimento negro recente em Washington, a inscrição “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam, em tradução livre) pintada em uma avenida que leva à Casa Branca, está sendo removida. A ação começou nesta semana, conduzida por funcionários da prefeitura da capital americana.

A intervenção ocorre em meio a uma maior interferência do Partido Republicano — incluindo o presidente Donald Trump — na gestão de Washington, que é liderada pela democrata Muriel Bowser. O partido também controla o Senado e a Câmara dos Representantes.

O anúncio foi feito por Bowser nas redes sociais. Segundo a prefeita, a repintura da rua é parte das celebrações dos 250 anos da capital, previstas para o próximo ano. Ela afirmou que a medida ajudará a evitar que a praça se torne "um motivo para distrações", aludindo às tentativas republicanas de remover a inscrição.

O deputado republicano Andrew Clyde, da Geórgia, é um dos principais defensores dessa mudança. Ele propôs uma legislação para reduzir o financiamento do Governo Federal ao transporte público em Washington, a menos que, como exigido por ele, a rua fosse renomeada e o mural repintado.

Em sua conta no X (antigo Twitter), Bowser declarou que o mural inspirou milhões e foi fundamental para que a cidade superasse um momento doloroso da história. “Mas agora, não podemos nos dar ao luxo de sermos distraídos por interferências do Congresso. Nossa prioridade deve ser evitar os devastadores impactos dos cortes”, escreveu.

Relembre o movimento Black Lives Matter

A 16ª Rua, conhecida como Black Lives Matter Plaza, atravessa Washington de norte a sul, seguindo em linha reta até a Casa Branca. Após o assassinato de George Floyd, um homem negro morto por um policial branco durante uma abordagem em 2020, milhares de americanos protestaram contra a violência policial e o racismo sistêmico.

Durante uma dessas manifestações, agentes federais usaram gás lacrimogêneo para dispersar os protestos de forma agressiva. Pouco depois, o presidente Trump posou para uma foto em frente à igreja de Saint John, segurando uma bíblia — gesto que gerou críticas em todo o mundo.

Foi Bowser quem ordenou a pintura e a renomeação da avenida em junho de 2020, logo após a morte de Floyd. Os protestos resultaram em uma discussão entre a prefeita e Trump, que, naquele momento, estava em seu primeiro mandato. O presidente criticava a maneira como a cidade lidou com os protestos raciais.

Com informações da Exame