A equipe de enfermeiros e técnicos que desconfiou de Giovanni Quintella e levou a polícia a prendê-lo em flagrante pelo estupro de uma paciente duante uma cesariana não apenas gravou o crime, mas também recolheu amostras da sedação aplicada na vítima e entregaram à perícia.
“A mesma equipe de enfermagem, que fez um trabalho brilhante, digno de todos os elogios, também recolheu frascos de substâncias que foram ministradas à vítima, possivelmente para que o crime fosse cometido”, afirmou a delegada Bárbara Lomba.
“Nunca tinha visto nada parecido. A gente tem 21 anos de atuação na polícia, acostumados com atrocidades, toda forma de violência”, emendou.
Um grupo de funcionários do Hospital da Mulher Heloneida Studart decidiu gravar a terceira cesárea para qual Giovanni estava escalado no domingo, 10, depois de notar, nas duas anteriores, um comportamento estranho do anestesista.
Uma delas relatou à polícia que “Giovanni ficava sempre à frente do pescoço e da cabeça da paciente, obstruindo o campo de visão de qualquer pessoa” na sala de cirurgia.
A mulher e demais funcionários pegaram um celular e o posicionaram em um armário com portas de vidro, mas não acompanharam o procedimento e só viram o flagrante quando pegaram o telefone, razão pela qual não puderam interromper o crime.
A funcionária também contou, em depoimento, que o anestesista sedava “de maneira demasiada” e que “as pacientes nem sequer conseguiam segurar os seus bebês” após o parto.
Na segunda operação do domingo, segundo a funcionária, “Giovanni usou um capote aberto nele próprio, alargando sua silhueta, e se posicionou de uma maneira que também impedia que qualquer pessoa pudesse ver a paciente do pescoço para cima”.
“Giovanni, ainda posicionado na direção do pescoço e da cabeça da paciente, iniciou, com o braço esquerdo curvado, movimentos lentos para frente e para trás”, disse a testemunha.
“Pelo movimento e pela curvatura do braço, pareceu que estava segurando a cabeça da paciente em direção à sua região pélvica.”
“As pacientes [de Giovanni] ficavam complemente fora de si. Quando eram cuidadas por outro anestesista, jamais ficavam dessa maneira”, disse.
Sala trocada para o flagrante
No último domingo, 10, as enfermeiras e técnicas responsáveis pelo flagrante contaram que o médico já tinha participado de outras duas cirurgias em salas onde a gravação escondida era inviável.
Na terceira operação do dia, elas conseguiram, de última hora, trocar a sala, esconder o telefone e confirmar o flagrante.
A polícia agora vai tentar descobrir outras possíveis vítimas do anestesista.
Com informações do G1