Publicado em 9 de abril de 2023 às 15:08
Milhares de fiéis se reuniram neste domingo, 9, em Jerusalém, onde coincidem as celebrações da Páscoa cristã, do Pessach judaico e o mês sagrado muçulmano do Ramadã. As comemorações acontecem em meio à escalada da violência do conflito entre Israel e Palestina.>
As autoridades israelenses mobilizaram um grande aparato policial na Cidade Velha, local onde há confrontos entre adeptos das três religiões, em Jerusalém Oriental, o setor palestino da cidade ocupado e anexado por Israel desde 1967.>
A área registra um aumento da violência desde a operação da última quarta-feira, 5, das forças de segurança israelenses na mesquita de Al-Aqsa de Jerusalém, terceiro local mais sagrado do Islã. A intervenção provocou muitas críticas internacionais e elevou a tensão na região.>
Desde então, aconteceram atentados contra Israel e foguetes foram lançados a partir de Gaza, Líbano e Síria, o que provocou respostas de Tel Aviv.>
O episódio mais recente da onda de violência aconteceu no sábado à noite, quando o Exército israelense bombardeou a Síria, em represália aos foguetes disparados contra as Colinas de Golã, área anexada por Israel.>
O papa Francisco expressou sua 'profunda preocupação com os ataques dos últimos dias' e pediu a criação de um 'clima de confiança e respeito recíproco, necessário para a retomada do diálogo entre israelenses e palestinos', em sua tradicional bênção 'Urbi et Orbi' após a missa de Páscoa.>
Em Jerusalém, centenas de fiéis compareceram durante a manhã à missa de Páscoa no Santo Sepulcro, um local sagrado disputado por várias vertentes cristãs. Nas capelas contíguas, foram celebrados os rituais ortodoxos do Domingo de Ramos.>
'Acredito que Jesus e Deus sofrem por estarmos divididos entre cristãos. Mesmo aqui estamos divididos, lamentavelmente, e há muita violência', declarou à AFP a freira Elisabeth, missionária do Chade.>
A uma distância relativamente curta, milhares de judeus visitaram o Muro das Lamentações para a tradicional bênção dos Kohanim (sacerdotes), celebrada duas vezes por ano no local, especialmente durante a Páscoa judaica (Pessach).>
'Sinto que Deus vai nos proteger. Rezamos todos juntos como um único povo', afirmou à AFP Judy Green, judia de 60 anos.>
O Muro das Lamentações, vestígio do antigo templo construído por Herodes, fica em um dos lados da Esplanada das Mesquitas, erguida no que os judeus chamam de Monte do Templo, o principal lugar sagrado do judaísmo.>
Quase 500 judeus religiosos visitaram a Esplanada das Mesquitas durante a manhã de domingo, sob escolta policial, enquanto os fiéis muçulmanos rezavam pelo Ramadã. Não foram registrados confrontos.>
Em tese, os judeus não podem entrar no Monte do Templo, por proibição dos rabinos, mas muitos ignoram o veto. As visitas aumentaram nos últimos anos e vários ultranacionalistas judeus rezam em segredo depois de chegar ao local como simples visitantes.>
A situação 'não é muito boa', declarou na esplanada Mahmud Mansur, um palestino de Jerusalém de 65 anos, ao lamentar que a polícia acompanhe 'todas as manhãs' as visitas de judeus e 'deixe de lado os muçulmanos'. 'Mas vamos lutar e esperamos (...) que um dia exista paz em Jerusalém', disse.>
Na quarta-feira, as forças israelenses entraram duas vezes na mesquita de Al-Aqsa e retiraram, com violência, os fiéis durante as orações noturnas. Israel afirmou que as forças de segurança foram obrigadas a agir para 'restabelecer a ordem' devido à presença de 'extremistas' na mesquita.>
Na quinta-feira, mais de 30 foguetes foram lançados contra o território israelense a partir do Líbano, na escalada mais grave desde 2006 na fronteira entre os dois países, que tecnicamente permanecem em guerra após vários conflitos.>
Israel respondeu e bombardeou infraestruturas do movimento radical palestino Hamas na Faixa de Gaza, governada pelo grupo, e no sul do Líbano.>
Na sexta-feira aconteceram dois atentados: o primeiro em um assentamento judaico na Cisjordânia ocupada, que matou duas irmãs israelenses de 16 e 20 anos, e o segundo em Tel Aviv, que matou um turista italiano.>
O conflito israelense-palestino se intensificou desde o início do ano. Ao menos 92 palestinos, 18 israelenses, uma ucraniana e um italiano morreram, de acordo com um balanço da AFP com base em informações divulgadas por fontes oficiais.>
Com informações do G1>