Publicado em 11 de janeiro de 2024 às 11:00
A Justiça de São Paulo condenou a empresa Amico Saúde, de São Bernardo do Campo, a pagar R$ 200 mil de indenização a uma mulher que tratou uma metástase óssea inexistente durante 6 anos após um erro médico de diagnóstico e tratamento. A mulher foi diagnosticada com câncer de mama em junho de 2010 e teve que fazer uma mastectomia meses depois. O diagnóstico foi correto e ela fez o procedimento de retirada do seio. Ela tinha 54 anos na época.
Porém, em outubro do mesmo ano, a paciente realizou novo exame que detectou metástase óssea (quando o câncer se espalha para o osso) e passou a fazer quimioterapia; Em 2014, ela mudou de plano de saúde e continuou o tratamento com algumas adaptações motivadas por efeitos colaterais; Em 2017, o novo corpo médico suspeitou de erro de diagnóstico e solicitou um PetScan, exame de imagem capaz de detectar com mais precisão alterações no organismo;O procedimento confirmou que a mulher nunca esteve acometida de metástase óssea; no ano seguinte, por precaução, o exame foi refeito e o resultado foi mantido; A informação foi confirmada por laudo pericial do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo.
Um exame feito na mesma época em que ela foi erroneamente diagnosticada apontou justamente o contrário: 'Baixa probabilidade de acometimento ósseo secundário à doença de base'. Durante a apuração do caso, nem a Justiça entendeu o motivo pelo qual a mulher ficou tanto tempo sendo tratada de forma equivocada: 'A metástase óssea foi anotada em determinado momento no prontuário e seguiu assim por anos, por inércia e erro dos médicos que atenderam a autora. Não se sabe se por negligência pura ou como medida de economizar na realização de novos exames', diz a sentença.
A decisão diz, ainda, que a paciente 'teve o curso de sua vida alterado em razão de doença gravíssima que não existia. Não se pode medir a dor a qual a requerente foi submetida'. A mulher relatou que, ao longo dos anos de quimioterapia, sofreu grande angústia psicológica, além de dor crônica, insônia, perda óssea e de dentição e limitação dos movimentos da perna em razão das lesões nos ossos.
'Cada sessão de quimioterapia se tornava um verdadeiro tormento à autora, porque a medicação é muito forte e possui inúmeros efeitos colaterais', disse a defesa da paciente. A sentença dada em primeira instância foi confirmada pelo Tribunal de Justiça. Relator do recurso, o desembargador Edson Luiz de Queiroz, destacou que 'a paciente foi levada a sofrimento que poderia ter sido evitado'. No final de 2023, em um acordo com a mulher, a Amico Saúde pagou os R$ 200 mil.