PF afirma que Bolsonaro, ex-ministros e militares agiam em seis núcleos para organizar golpe de Estado
O relatório que embasou a operação realizada nesta quinta-feira, 8, pela Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministros de seu governo e militares, revela que o grupo estava organizado em seis núcleos com o intuito de planejar uma tentativa de golpe de Estado. Foram expedidos 33 mandados de...
Foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados, retenção de passaportes e destituição de cargos públicos.
A investigação apontou a divisão do grupo da seguinte maneira:
Núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral: Este grupo tinha a responsabilidade de produzir, divulgar e amplificar notícias falsas sobre a integridade das eleições presidenciais de 2022. O objetivo era incentivar os seguidores a permanecerem em frente a quartéis e instalações das Forças Armadas, criando um ambiente propício para o golpe de Estado.
Núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado: Selecionava alvos para amplificar ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investigações sobre o golpe. Esses ataques eram disseminados por vários canais, incluindo influenciadores com autoridade perante a audiência militar.
Núcleo jurídico: Encarregado de fundamentar juridicamente e elaborar minutas de decretos que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado.
Núcleo operacional de apoio às ações golpistas: Atuava em reuniões de planejamento e execução de medidas para manter as manifestações em frente aos quartéis, incluindo mobilização, logística e financiamento de militares das Forças Especiais em Brasília.
Núcleo de inteligência paralela: Coletava dados e informações para auxiliar as decisões do então presidente Jair Bolsonaro na consumação do golpe de Estado. Isso incluía monitorar o itinerário, deslocamento e localização do ministro do STF Alexandre de Moraes, além de possíveis outras autoridades da República.
Núcleo de oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos: Utilizava a alta patente militar de seus membros para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação, endossando medidas para a consumação do golpe de Estado.
A operação, denominada 'Tempus Veritatis' (hora da verdade em latim), foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Em sua decisão, o ministro determinou a entrega do passaporte de Bolsonaro e proibiu-o de manter contato com outros investigados.